A formação espiritual de um Buda representa um dos processos mais complexos e desafiadores que pode existir no mundo atual, porque significa antecipar uma realização espiritual em muitos eóns quando a humanidade finalmente estará naturalmente preparada para ela, sendo daí compartilhada por todos. Até lá aquilo que temos é um quadro de esforços, renúncias e provações especiais para manifestar tais energias divinas na Terra.
Tampouco precisamos insistir que para alcançar tantos objetivos, é necessário começar os esforços espirituais muito cedo, e realizá-los de forma sempre muito sólida e coerente. Quiçá, um Avatar necessita ser provado intensamente desde o seu nascimento e também dar provas abundantes de sua determinação em servir ao mundo como servem os deuses.
No presente estudo trataremos das grandes etapas búdicas e suas Hierarquias, vividas e alcançadas progressivamente por cada Buda segundo a natureza de sua missão, na forma dos chamados “Veículos dos Budas”, analisando também os esforços de Maitreya através dos grandes caminhos cósmicos de evolução. Desde já anunciamos que as presentes abordagens são vinculatórias, aplicadas e ilustrativas, extrapolando assim as visões restritas e segmentadas geralmente apresentadas pela literatura budista; já que este representa um assunto ao qual o Budismo não costuma oferecer maiores aprofundamentos.
Este estudo dará então a oportunidade para tratar da questão dos Monomitos, que é a aparente repetição de mitemas semelhantes em diferentes culturas. Demonstraremos as raízes deste quadro e onde a influência pode ou não acontecer. Mesmo havendo coisas em comum em função dos pré-requisitos convencionais para que uma avatarização aconteça, certas informações necessitam ser renovadas em cada nova manifestação divina, em função da necessidade de reafirmar a sua integridade e afastar as distorções da transmissão corrompida de informações.
As diferenças também existentes entre estes mitos possuem causas que podem extrapolar as suas simples formulações exteriores étnicas de linguagem e de simbolismo. Acontece que os próprios avatares podem ser de categorias distintas e os mitos poderão refletir então este fato.
1. As pegadas dos Budas (os Planos Cósmicos)
É do conhecimento que aos Budas são atribuídos vários corpos ou veículos especiais de expressão chamados kayas, que são geralmente em numero de três, podendo porém chegar até a cinco, que é o número base da cosmologia budista.
Trata-se pois dos corpos de Manifestação, de Compaixão e de Conhecimento -e mesmo outros segundo certas correntes. O que são exatamente estes veículos? São estruturas evolutivas próprias da condição búdica, ou seu ritmo evolutivo por assim dizer, reunindo suas próprias sínteses energéticas.
Ora, da mesma forma como as energias da esfera siríaca ou hierárquica são triangulares -como demonstramos em nosso estudo anterior sobre a natureza dos Bodhisatwas-, as energias da esfera divina são setenárias em função da própria escala introduzida pelo grau de Bodhisatwa. Vimos que o próprio coroa ao Plano Físico Cósmico que simboliza o nosso sistema solar de evolução espiritual, e neste caso os Budas já avançam para os Planos cósmicos seguintes através dos seus sucessivos veículos, uma vez que a unidade evolutiva dos Budas passa a ser o próprio setenário. Embora os detalhes às vezes pareçam diferentes, o tema conflui com a doutrina dos quatro mundos da Cabala nomeados como "Emanação", "Criação", "Formação" e “Manifestação". Num certo sentido, cada um destes Veículos possui uma relação direta com alguma natureza de Buda dentro da grande Hierarquia budista. Comumente fala-se apenas de três mundos excluindo o primeiro ou de Manifestação, que representa este nosso mundo material, e que corresponderia à evolução de Bodhisatwa, pois não se trata de uma condição divina Absoluta por incluir as evoluções humanas.
Com base em tudo isto, podemos atribuir uma cronologia para os Veículos do Budas com base em sete iniciações realizadas em doze anos. Isto tem analogias naturalmente com os ciclos de doze anos de Júpiter, mas também com os arcos cósmicos de 12 mil anos e suas Sete Eras Zodiacais.
Os Veículos dos Budas são iniciações cósmicas, porque depois que o iniciado alcança a sétima iniciação a sua energia passa a trabalhar com uma nova unidade evolutiva, que não é mais a unidade humana e sim a cósmica. Estes veículos são portanto analogias cósmicas dos graus humanos e também dos Elementos Alquímicos, assim como dos próprios alinhamentos de consciência de certa maneira, que são Personalidade, Alma e Espírito.
Cada plano cósmico possui as mesmas subdivisões setenárias, porém elas não exigem os esforços específicos que pediram na evolução do físico cósmico por serem estes mundos nirvânicos (muito embora ofereçam oportunidades análogas de experiências), porque agora o iniciado está num curso maior de evolução.
Os Planos Cósmicos são mais conhecidos por serem objetos dos Sete Caminhos Evolução Superior que podem tomar os Mestres que entram em nirvana após a sua ascensão espiritual, com exceção do Primeiro Caminho ou de Serviço Terreno que mantém o Mestre no planeta para fins de auxiliar diretamente a humanidade. Este Caminho é iniciado então pela Senda dos Bodhisatwas e depois avança para os graus propriamente búdicos, porém não entraremos em detalhes a respeito neste estudo para não prolongar em demasia o conteúdo.
Os Planos Cósmicos geralmente arrolados são em número de três, porque existem apenas três destes planos plenamente consolidados neste planeta. Todavia um quatro plano de evolução cósmica também está por se consolidar na atualidade, e os esforços de Maitreya também estão voltados nesta direção.
Cada estágio demanda um novo ciclo de renúncias e de sacrifícios, com esforços e objetivos próprios. Aquilo que faz de alguém realmente um Buda é, em última análise, a sua atitude, dentro de uma ordem coerente de realizações. Caso um Buda não renove os seus votos nestes termos, ele terá a sua condição estacionada onde está. Tudo isto é muito surpreendente e se destaca do comum, já que renúncias não são gestos comuns, menos ainda repetidamente.
Por fim, o Budismo parece bastante objetivo em retratar os Budas como Seres de Conhecimentos, uma vez que o termo “Buda” deriva diretamente do nome do planeta Mercúrio, Buddha, que é o planeta associado à mente e ao conhecimento. Com efeito termos paralelos como o sânscrito Manu apenas reforçam esta tendência pois significa “Pensador”. Os presentes estudos baseados na história de Maitreya testemunham pois diretamente nesta mesma direção. O quadro abaixo resume pois ea função de cada Buda em seu respectivo estágio ou veículo:
1. Nirmanakaya: Conhecimentos Iniciáticos
2. Sambhogakaya: Conhecimentos Universais
3. Dharmakaya: Conhecimentos Gerais Aplicados
4. Vajrakaya: Conhecimentos Perfeitos
2. O Nirmanakaya
O chamado “Corpo de Manifestação” ou Nirmanakaya, é aquele no qual o Buda basicamente tem a sua formação espiritual por esta razão nós o equiparamos ao próprio curso evolutivo do Bodhisatwa. Tal veículo incluiria portanto as sete iniciações do Plano Físico Cósmico, a serem experimentadas idealmente entre os 20 e os 32 anos de idade, chegando assim na famosa “idade do Cristo”. A base energética deste plano cósmico são “pontos de luz”, também conhecidos como prana. Nesta etapa o iniciado acumula basicamente conhecimentos esotéricos ou de iniciação.
Em nosso estudo anterior sobre o Bodhisatwa mencionamos a importância dos livros sobretudo na formação de Maitreya, e aqui colocaremos ênfase também na sua atividade como prolífero autor. Confirmou-se nesta etapa que sempre que Maitreya tomava conhecimento de algum grande Ensinamento, ele já demonstrava forte intimidade com os seus conteúdos, seja pelo aspecto teórico e mesmo quanto a alguma prática que ele mesmo já desenvolvera nesta e mesmo em outras vidas.
Maitreya sempre teve uma relação muito importante com os livros; na falta de mestres vivos os livros podem chegar a ser ótimos substitutos. Com efeito é possível assinalar literaturas e inclusive obras específicas que foram determinantes para as mudanças de fases da vida de Maitreya.
Depois que abandonou os estudos formais Maitreya deixou de contar com o apoio financeiro da família e quase não podia comprar livros, embora ele sempre desse um jeito de encontrar aquilo que precisava, se preciso ele até se cotizaria com amigos para fazer algumas aquisições conjuntas.
Ainda assim a herança familiar seria determinante. O conhecimento dos Evangelhos foi fundamental para o seu grande despertar espiritual, graças a uma obra legada por sua avó religiosa. Porém no começo da sua fase yogue de Maitreya também poderá contar com uma herança semelhante através do seu avô alemão que era um filósofo naturista, e do qual Maitreya herdaria uma biblioteca importante, tal como muito material sobre viagens. Com o apoio desta biblioteca Maitreya começar a exercitar-se nos métodos naturais de curas e de terapias, adquirindo em especial muito conhecimento sobre a prática do jejum, um recurso que se mostraria vital no enfrentamento de inúmeras enfermidades ao longo da sua existência.
De resto Maitreya sempre contava com o auxílio das bibliotecas dos ashrams onde viveu, eventualmente até mesmo enriquecendo-as com novas aquisições. Após a sua iluminação Maitreya já viveria um período de opulência econômica. Percebendo um momento de fragilidade em Maitreya, sua família decide transmitir em vida uma rica herança aos filhos, na vã esperança de que as posses fizessem Maitreya aterrissar para sempre na vida material.
Não obstante, até pelas restrições que sua saúde lhe impunha no período como sobrevivente da quarta iniciação, Maitreya não tinha maiores ambições materiais. A única área em que Maitreya via a sua vida realmente se expandir na época era em seu trabalho de hermenêutica dos Mistérios Tradicionais, de modo que não tardará a buscar formar boa biblioteca particular. Premia-o nesta direção o fato de não existir uma biblioteca espiritual e esotérica capaz de atender a dinâmica das suas pesquisas, de modo que ele trataria de criar uma.
Maitreya sabia o quanto ele devia aos livros ao longo de sua vida espiritual. E agora que ele se tornara um grande canal de sabedoria e uma fonte direta de conhecimentos, não hesitaria em investir na organização de uma grande biblioteca voltada para a espiritualidade, capaz de atender a amplitude ecumênica de suas investigações. E foi assim que, apoiado internamente por seus Mentores e externamente por sua rica biblioteca -e tudo enriquecido por sua ampla experiência esotérica-, Maitreya pode dar início ao seu trabalho como grande autor esotérico em benefício das futuras gerações.
3. O Sambhogakaya
Na sequência tem-se o veículo de compaixão ou Sambhogakaya, incluindo sumariamente as sete iniciações do Plano Astral Cósmico, a serem experimentadas idealmente entre os 32 e os 44 anos de idade, culminando assim numa idade relacionada ao ciclo do Kalpa completo. A base energética deste plano cósmico são “curvas de luz” também semelhantes a ondas. Nesta etapa o iniciado reúne saberes associados às religiões e às profecias.
A primeira categoria de Buda propriamente dito seria aquela chamada Pratyeka, que significa "isolado" ou "avulso". Refere-se pois a um Buda que permanece aparentemente sem ensinar, fato este que tem motivado por vezes interpretações despropositadas como aquelas de considerá-lo como uma espécie de “Buda egoísta”, como se fosse possível reunir esta duas palavras numa só frase. Esta é pois uma oportunidade para começar a desvendar este instigante mistério da tradição budista e universal.
Se tivermos em conta que esta fase sucede as crises das primeiras iluminações do iniciado que culminam na condição de Bodhisatwa, vemos que o isolamento do Buda faz todo o sentido. Depois de sua ressurreição Jesus desapareceu de cena, e ninguém sabe realmente o que aconteceu então. De fato ele realizou um retiro obrigatório em função das sequelas da própria crucificação, mas seguiu reunindo informações esotéricas e orientando alguns poucos discípulos nos bastidores da História, como uma das expressões do Governo Oculto do Mundo.
A sina do Buda Pratyeka é portanto muito semelhante ao mito de Prometeu onde o herói termina afixado a uma rocha enquanto uma águia perfura o seu fígado, como penalidade por trazer o conhecimento sagrado para a humanidade. A rocha é a própria terra ou a materialidade e a águia significa o agudo sofrimento emocional que também acompanha o processo expiatório. O Buda necessita então enfrentar tais padecimentos para saldar ou atenuar o carma planetário, de modo que seja permitido trazer luz sobre os caminhos futuros da humanidade. Podemos dizer que a humanidade não está preparada para a evolução, por causa da densidade da atmosfera do planeta, porém a espiritualidade trata de abrir os seus caminhos suscitando mensageiros compassivos da sabedoria eterna.
O Buda Isolado traduz pois um momento o crítico da evolução de um Buda onde ele vive uma transição desde a restrita posição de um Bodhisatwa e a posterior liberdade de um Buda plenamente iluminado ou samyak-saṃbuddha. O Pratyeka representa pois um Buda mais recolhido ou convalescente, dedicado aos seus esforços de auto-recuperação, mas exercendo também atividades de registro e de comunicação dentro dos limites que as circunstâncias lhe impõem.
Na vida de Maitreya algo semelhante também acontecerá. Esta foi a fase em que ele organiza a base ecumênica dos seus trabalhos, com grande produção esotérica, colocando uma nova base para a renovação das religiões a partir da codificação do Pramantha Universal, os códigos iniciáticos fundamentais das raças, superando assim as bases astrológicas antes estabelecidas enquanto Bodhisatwa. E dentre as várias doutrinas assim elaboradas, destaca-se pois um Novo Dharma que Maitreya associou ao arco-íris através da ideia do equilíbrio dos opostos, como caminho objetivo para a realização da Suprema Verdade cósmica da Felicidade universal. Maitreya posiciona-se assim como um Buda positivo, em contraste com a postura negativa de Gautama focada na dor, a qual certamente não está equivocada porém pertence a um outro ciclo do mundo. Maitreya deu o nome deste Dharma de Tushita em homenagem ao paraíso dos Budas.
Assim um Buda pode produzir muito em sua etapa Sambhogakaya, apesar das restrições quanto a maiores manifestações exteriores. Ocorreria assim do Pratyeka ser uma espécie de Buda de Bastidores. Como ele não alcança um grau externo ou físico de manifestação social, tampouco manifestaria alguma missão histórica notória. Eventualmente o Pratyeka se manifesta em complemento de outra missão, como extensão do trabalho do Bodhisatwa ou como preparação da manifestação de outras categorias de Budas.
Maitreya pouco viajará nesta fase de sua vida, estando mais ocupando com suas próprias curas. Poderíamos ter um bom exemplo dos acontecimentos desta etapa através dos dramas de Osíris. Após o seu assassinato e sepultamento temos a intervenção da maga Ísis e eventualmente de sua irmã Néftis. Osíris achava-se então num esforço de recuperação pessoal, isto é, de plena ressurreição, mas que não deve confundido com alguma iniciação que possa receber este nome. Para facilitar o processo a espiritualidade envia-lhe então uma iniciada de grande pureza e poder espiritual, que no Budismo corresponderia a uma Tara Branca. Sabemos que deste relacionamento também nascerá um filho importante que é Hórus, base das futuras dinastias solares do Egito.
De modo que Maitreya aqui também criaria uma nova família, fruto da aproximação de uma Tara Branca. Porém como quase tudo na vida de um Buda é dinâmico e transitório, ele também logo amargaria mais uma separação com todas as suas dolorosas consequências, e que seriam o prenúncio de uma nova fase de grandes crises e de renúncias do Novo Buda.
4. O Dharmakaya
A terceira etapa de Dharmakaya ou Corpo de Conhecimento inclui as sete iniciações do Plano Mental Cósmico, a serem conhecidas idealmente entre os 44 e os 56 anos de idade, alcançando o segundo retorno de Saturno. A base energética deste plano cósmico são “triângulos de luz” que também atuam como raios. Nesta etapa o iniciado reúne as informações superiores relacionadas aos novos modelos de Civilização. Ora, vimos no estudo sobre a Jornada o Bodhisatwa a grande revolução energética que representa a síntese triangular, a ser colhida especialmente no grau seguinte de iluminação verdadeira.
A categoria búdica que corresponde a este estágio seria aquela de Manushi ou Buda Humano, que é aquela que alcançara o Buda Gautama. A proximidade com o termo Manu é evidente, aquele que cuida das coisas da Civilização na filosofia hindu.
Nesta fase Maitreya começa a observar que, apesar de todos os avanços que obtivera em termos esotéricos, o seu amplo conhecimento ainda tem limites e é imperfeito para fins de alcançar as pessoas de uma forma mais ampla. Em especial considerava que a sua astrologia mantinha-se ainda numa esfera excessivamente teórica, estática e relacionada ao passado.
E como quase tudo na vida de um Buda é dinâmico e transitório, ele também amargaria nesta etapa mais uma separação familiar com todas as suas dolorosas consequências, e que seriam o prenúncio de uma nova fase de grandes crises e de renúncias do Novo Buda.
Insatisfeito com tudo isto, decide-se então por um novo recomeço espiritual. Com esta finalidade, decide então abdicar de todo o seu patrimônio material, como sacrifício pessoal para receber as informações que necessitava. Através desta nova renúncia, Maitreya renova os seus votos em grande estilo e avança para além do patamar búdico estabelecido por Gautama, abrindo assim um novo campo de evolução racial para a humanidade.
Logo começa a viajar a esmo como gesto de auto-abandono à providência, e nisto não tardará a alcançar aquilo que almejava, obtendo as bases para uma visão efetiva da evolução orgânica da humanidade e da formação da nova raça-raiz. E assim Maitreya pode compreender o passo a passo da evolução e vislumbrar a chegada da futura Idade de Ouro.
Com isto sente-se premido a buscar as regiões que esta revelação estava a indicar, porém agora estava sem recursos. O único bem que lhe restava era a sua enorme biblioteca especializada, organizada ao longo de décadas, que era uma grande fonte de orgulho para Maitreya, o qual porém não hesitou em tratar de vendê-la para obter recursos e poder começar esta nova etapa de vida. O conhecimento estava afinal agora já amplamente incorporado nele, inclusive em termos de erudição universal, sendo perfeitamente capaz de seguir doravante o seu grande processo de criação sem o acesso aos seus livros.
Tudo isto culminaria pois na formulação de um novo modelo de civilização, obra característica dos Manu raciais, trazendo luz sobre a Civilização Cósmica do futuro da humanidade. Com tais atitudes Maitreya renova vertiginosamente toda a sua trajetória e avança também sobre a evolução espiritual histórica determinada pelos Budas anteriores.
Aqui devemos lembrar não obstante, que o Buda Gautama sentiu-se em dúvida a certa altura sobre a aceitação do seus ensinamentos. Brahma então interviu estimulando-o a insistir, e na prática Brahma simboliza aqui a importância de outorgar uma dimensão social à sua obra. Deriva daí pois a conhecida crítica que o budismo exerceu sobre o antigo sistema de castas da Índia. Em nosso estudo anterior concluímos sugerindo que, se o Bodhisatwa tem o domínio da religião, o Buda já terá o domínio da Civilização como um todo. Acontece que a conquista da própria alma representa o portal de acesso para a Civilização nos elevados moldes previstos pelas Hierarquias.
O Buda Gautama também é famoso como um grande renunciante. Mas aqui fica a pergunta: ele renunciou apenas ao que ainda teria, ou igualmente àquilo que já tinha?
5. O Vajrakaya
Seguramente todo este processo pode prosseguir, porém em termos cada vez mais raros e elevados. A condição anterior encerra a maioria das abordagens sobre os veículos do Buda. Porém outras visões afirmam que em seguida amadurece o veículo cristalino ou Vajrakaya, associado às iniciações do Plano Búdico cósmico, a serem conhecidas idealmente entre os 56 e os 68 anos de idade. A base energética deste plano cósmico são “cruzes de luz”. Nesta etapa o iniciado reúne saberes associados ao perfeito conhecimento dos calendários cósmicos e das energias divinas.
A categoria búdica que corresponde a este estágio seria aquela de Dhyani Buda, ou Buda de Meditação, que é aquela que alcançara o Avatar Krishma. Os Budas Dhyani estão relacionados à mandalas e, portanto, a sínteses abrangentes. Neste estágio Maitreya aprimora assim o seu conhecimento das mandalas cósmicas e prepara a grande síntese dos seus conhecimentos, alcança então completar a sua organização do Relógio Cósmico, permitindo acessar o completo cânone esotérico da cosmologia tradicional, para organizar em definitivo as “enciclopédias” esotéricas que iluminarão os caminhos futuros da humanidade. Nesta etapa Maitreya também se capacita a liderar ativamente a humanidade nos caminhos do seu futuro racial e planetário, manifestando assim o Manu mundial.
O Plano Búdico Cósmico tem sido alcançado unicamente por Sanat Kumara, que está atualmente consumando o seu ciclo de iniciações divinas. Este quadro está limitado ao estágio atual da evolução humana que é a Quarta Ronda de Evolução de que fala a Doutrina Secreta, e que encontra-se portanto no seu final, trazendo a aproximação da Quinta Ronda e consigo a missão de um Quinto Kumara ou um novo Adi Buda ou Buda Primordial.
Este final de Ronda oportuniza também um importante alinhamento de ciclos, em termos de Era, Raça e Ronda, mas também neste caso de Sistema Solar posto que a nova Ronda representa um Pralaya ou início de Ano Cósmico.
Em tese estes fatos trariam vários avatares para reger estes ciclos, podendo porém algum avatar também acumular missões, a depender de até onde ele poderá avançar nas suas iniciações cósmicas nesta altura. Por isto existem imagens de avatares com várias faces, como é o caso de Vaikuntha que é uma encarnação suprema de Vishnu, sendo Vaikuntha também o nome do paraíso de Vishnu.
6. Conclusões
Amplo e diversificado resulta pois o trabalho dos Budas em favor da humanidade. Podemos resumir então estes quatro estágios das Atividades dos Budas nos seguintes termos:
1. Nimanakaya: Infusão de energias no planeta
2. Sambhogakaya: Queima do carma da humanidade
3. Sambhogakaya: Criação de doutrinas sócio-espirituais
4. Vajrakaya: Guiança ativa na transformação global
Poderíamos ir adiante nos corpos do Buda? Algumas fontes budistas mencionam também o veículo Svabhāvikakaya que é frequentemente chamado de "cósmico” ou “corpo de quintessência”, que embora para alguns poderia ser apenas uma variante do quarto veículo. A proximidade da quinta ronda de evolução poderia começar a permitir porém um novo degrau cósmico para a evolução da espécie humana. De todo modo por uma simples questão de efemérides devemos nos limitar pelo momento a avaliar de fato apenas o quarto estágio, esperando que o presente estudo possa ter trazido novas luzes sobre estes instigantes mistérios maiores das realizações espirituais da humanidade.
Para saber mais
Kalki e Padma - um encontro cósmico
A Missão de Maitreya - a revelação
Maitreya e a experiência Serpentina
Maitreya - a Jornada do Bodhisatwa
Veja também
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