São bastante conhecidos os signos aristocráticos das imagens do Buda Maitreya: sua aparência, posturas -sem esquecer o indefectível cavalo branco que os símbolos avatáricos que lhe são análogos costumam empregar. E neste caso, tudo aquilo que se dirá neste texto sobre Maitreya, vale também para estes seus correlatos multiculturais. Pois as profecias também falam do Kalki Avatar e mostram o retorno de Jesus como um rei divino ou um Pantocrator, sem esquecer que os judeus há muito aguardam igualmente um Messias desta natureza.
Para muita gente, a também conhecida expressão “Árya Maitreya” com que comumente se designa este Buda, o vincularia diretamente à Raça Árya -que é uma raça essencialmente aristocrática como se sabe. Blavatsky por exemplo, afirmou que Maitreya viria na sétima sub-raça árya.
Mas na realidade o significado em questão seria outro -apesar dos vínculos meramente simbólicos com a arianidade. E neste caso devemos tomar antes o próprio significado comum da palavra árya em si, que é “nobre”, como transferida para o Novo Avatar em função de analogias, não obstante em outras escalas.
Por qual razão afinal os símbolos da nobreza são tão destacados na missão de Maitreya? Haveria com efeito várias explicações para isto, distribuídas entre todas as suas missões, relacionadas aos ciclos ora em transição e aos grandes temas de Nova Era, Nova Raça e Novo Kalpa ou Ano Cósmico. Neste aspecto a nobreza de Maitreya personifica uma profunda transformação do Pramantha ou dos códigos evolutivos da humanidade, mantendo não obstante fortes vínculos (sem solução de continuidade!) com os valores mais profundos da raça arya que atualmente finda e que também servirá por esta razão de referência.
A realeza cósmica de Maitreya representa contudo apenas o prenúncio das novas glórias da própria humanidade. Maitreya deseja que os seus seguidores sejam amantes cósmicos. Maitreya almeja que seus discípulos cultivem uma sabedoria divina. Maitreya conclama que seus filhos brilhem com a luz das estrelas. Maitreya vem abrir os caminhos para a renovação da humanidade no esplendor da Verdade.
De modo que grandes são os mistérios com que devemos nos deparar no estudo destas questões -e “grande” seria mesmo a palavra literalmente adequada aqui em alguns casos. Os temas da Cosmologia e da Astrologia Esotérica têm sido apresentados de maneira bastante abstrusa pelas modernas escolas místicas, porém existem versões mais científicas e igualmente tradicionais do assunto, como aquelas que trataremos de desdobrar no presente estudo. Afinal Maitreya não seria digno de sua divina Missão caso persistisse com o obscurantismo da linguagem mística corrente, ao invés de propor uma nova cultura de síntese ou universal. E para analisar as energias em questão podemos avaliar dois tipos de situações, que são a posição Hierárquica do Buda e a natureza astrológica do ciclo que vem abrir.
A Nova Era. Começando então pela questão mais familiar da Nova Era, que é a de Aquário, trata-se pois de uma Era positiva trazendo consigo um Avatar também ativo e dinâmico em suas proposições. Ademais em termos de astrologia, acontece que, segundo certa lei conhecida dos astrólogos esotéricos, toda a Era demanda a vinda de um Avatar do seu signo oposto a fim de promover o perfeito equilíbrio das energias. Foi assim que Jesus nasceu no signo de Virgem (e não de uma mulher Virgem) na Era oposta de Peixes. Maitreya surge portanto agora sob o signo solar de Leão, diretamente relacionado à realeza.
A Nova Raça. O ideal de nobreza divina de Maitreya se enaltece pelo caráter solar de sua missão racial, como Patriarca e Manu na abertura da Nova Raça (nos termos do ciclo antropológico de cinco mil anos, tal como tratado pelos antigos maias), em contraste com a natureza apenas sacerdotal do Buda Gautama surgido em meados da raça anterior. Por outro lado, por se tratar esta da Quarta Raça da Ronda atual, associada à quarta casta que é a sacerdotal, a Raça emergente também terá uma natureza espiritual ou religiosa.
A Nova Ronda. Mais ou menos nesta linha de análises, tem-se também a transição da Ronda atual de evolução planetária. O presente item merecerá porém um desdobramento maior dada o inusual das suas considerações. Aqueles que estudam a Cronologia Esotérica da Doutrina Secreta, sabem que a humanidade vive atualmente a sua quarta Ronda de evolução. “Rondas” são arcos do Grande Ano de Platão -o qual é tema do item seguinte-, o solar ou Manvantara e o Lunar ou Pralaya. Isto significa pois que Maitreya será o Novo Kumara, quer dizer, o Augusto sucessor de Sanat Kumara no cargo de Rei do Mundo. Com efeito, é possível demonstrar que o momento astrológico atual é sob muitos aspectos similar àquele da vinda dos Kumaras na Lemúria, ocorrido há um exato arco cósmico atrás. Não entraremos porém aqui no mérito astrológico do tema, relacionado a esta Quinta Ronda emergente, que enseja tratar da Divina Sabedoria anunciada do Novo Buda -ver a respeito em “A Sabedoria Cósmica de Maitreya”.
O Novo Kalpa. Também na mesma linha das considerações astrológicas do item anterior, segundo a Teosofia vivemos atualmente no Segundo Sistema solar, o que corresponde a dizer objetivamente do Segundo Kalpa ou Grande Ano de Platão com seus 26 mil anos. Segundo a própria Ciência, esta é realmente a idade da cultura superior da espécie humana, ou 50 mil anos sob os quais a nossa espécie vive sob a orientação das Hierarquias espirituais. No contexto esotérico o tema do segundo sistema solar também é visto desde o ângulo dos Logoi. Fala-se muito de amor, porém o amor não representa uma atitude e sim um estado e um sentimento, uma base enfim, que apenas se efetiva em ações de distintas naturezas. Aquele que fala em amor sem nada fazer é um teórico. A Doutrina esotérica dos Sete Raios ilustra bem esta situação aos demonstrar que a base dos Sete Raios neste sistema solar é o Segundo Raio de Amor-Sabedoria. Vivemos na atualidade num sistema cósmico de segunda ordem, isto é: vivemos o segundo Ano Cósmico da evolução humana.
Esta energia secundária de base tem exaltado na humanidade a sua energia psíquica, envolvendo em seu universo a sexualidade, a religião, a fé, a mitologia, a psicologia, a magia astral, a própria astrologia, etc. Contudo, autores esclarecidos como Alice A. Bailey já têm advertido que muitos dos atuais ensinamentos esotéricos possuem maior valor apenas até o final do presente Manvantara, o qual ruma com efeito na atualidade para a sua finalização, uma vez que agora já estamos em plena transição para o terceiro Kalpa ou ciclo cósmico. A energia do valor “três”, que remonta à terceira raça que foi a Árya dentro da ronda atual, remete à terceira casta que é a dos guerreiros, mas também à terceira iniciação dita “solar” relacionada ao perfeito domínio da meditação, entre os melhores e mais avançados expoentes raciais. Com isto surgirá todo um novo universo baseado na energia mental, onde já será fundamental o conhecimento, o estudo, a meditação, o discernimento, a magia mental, etc. O resgate desta Iniciação é fundamental para a emancipação espiritual do ser humano, pela criação de uma proteção espiritual contra os miasmas astrais que dominam ainda o planeta, em função da juventude da espécie humana, do seu passado primitivo e sobretudo porque ela segue todavia produzindo muito sofrimento e negatividade dada a sua condição não-iniciada.
O Dharma Solar de Maitreya
Neste aspecto temos apresentado já estudos e obras sobre o teor positivo do Dharma de Maitreya, simbolizado pela sua postura ereta ou mesmo sentada à “maneira ocidental”. Naturalmente tudo isto também evoca a Cultura Solar, uma vez que o Plano mental possui uma direta conexão com a luz do Logos. Tal como em relação ao tema da própria Civilização Solar árya, ainda que neste aspecto já exista uma influência direta do Quinto Plano ou Átmico dos Mestres.
Acaso Maitreya deverá por isto ostentar riquezas ou promover guerras comuns?! De modo algum! Os Mestres são sempre humildes renunciantes que adaptam-se ao extremo às sempre limitadas condições que o mundo lhes oferece. A Hierarquia é um símbolo de resiliência, de renovação e de transformação das coisas.
Enquanto estrategista social, Maitreya poderá atuar especialmente no fortalecimento dos espíritos para que emerjam novas lideranças, tal como eventualmente também no empoderamento oculto dos discípulos para fins de atuarem espiritualmente nos planos sutis.
Portanto tampouco se pretenda dizer que Maitreya será um rei temporal ou que almejará estabelecer alguma dinastia de sangue. A verdadeira família de Maitreya está constituída pelos seus irmãos de luz e por seus filhos espirituais.
Quase tudo o que se mostra de Kalki Avatar ou do Cristo do Apocalipse é simbólico, salvo aquilo que já soa expressamente espiritual. Nem por isto devemos cometer o erro de confundir estas coisas com o subjetivo e o individual. Não obstante, deve-se estimar que Maitreya será um formidável guerreiro espiritual, que os anjos estejam todos a seu serviço e forças inestimáveis sejam mobilizados para as suas nobres causas...
É preciso sempre ter em conta não obstante o caráter solar da avatarização de Maitreya, manifestando-se numa Era positiva, destinada a forjar todo um novo modelo de Civilização. Maitreya atuará muito mais como filósofo para propor novos Modelos de Civilização e, eventualmente também como estrategista buscando viabilizar tais medidas. Tal Missão é equivalente à do Manu racial, o Mentor da Civilização -ver a respeito também em "O último Mensageiro". Ademais, avatares solares como Krishna e Kalki/Maitreya, tem como missão trabalhar pela implantação do paraíso terreal, também conhecido como “Idade de Ouro”.
Em termos práticos tudo isto se destina a afetar fortemente os rumos da Civilização na direção de modelos de vida sábios e sustentáveis em favor de uma humanidade cada vez mais livre e iluminada. Pois,
É preciso parar as guerras
É preciso proteger o planeta
É preciso salvar a humanidade
Esta foi portanto a explicação principal da “nobreza” de Maitreya. Outras energias emergentes também podem explicar a divina sabedoria de Maitreya.
Para saber mais
Kalki e Padma - um encontro cósmico
A Missão de Maitreya - a revelação
Maitreya e a experiência Serpentina
Maitreya - a Jornada do Bodhisatwa
Maitreya - tornando-se um Buda
Veja também
Sapta Sadhana: O Dharma do Arco-Íris de Maitreya
Sarvagatha Dharma: A Lei Plenária
Sobre o Autor
Luís A. W. Salvi é estudioso dos Mistérios Antigos há mais de 50 anos. Especialista nas Filosofias do Tempo e no Esoterismo Prático, desenvolve trabalhos também nas áreas do Perenialismo, da Psicologia Profunda, da Antropologia Esotérica, da Sociologia Holística e outros. Tem publicado já dezenas de obras pelo Editorial Agartha, além de manter o Canal Agartha wTV.
Imagem: LAWS no Templo de Kwan Yin, 2008, Alto Paraíso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário