São bastante conhecidos os signos aristocráticos das imagens do Buda Maitreya: sua aparência, posturas -sem esquecer o indefectível cavalo branco que os símbolos avatáricos que lhe são análogos costumam empregar. E neste caso, tudo aquilo que se dirá neste texto sobre Maitreya, vale também para estes seus correlatos multiculturais.
Para muita gente, a também conhecida expressão “Árya Maitreya” com que comumente se designa este Buda, vincula-o diretamente à Raça Árya -que é uma raça essencialmente aristocrática como se sabe. Mas na verdade o verdadeiro significado de tudo seria bem outro -apesar de haver vínculos meramente simbólicos com a arianidade. E neste caso devemos tomar antes o próprio significado comum da palavra árya em si, que é “nobre”, como transferida para o Novo Avatar em função de analogias, não obstante em outra escala naturalmente.
O fato é realmente curioso porque o próximo Buda ou Avatar pertence já a uma nova raça, e se fossemos outorgar-lhe um atributo propriamente racial, seria mais algo como “santo” ou “sacerdote” em função da natureza quaternária da nova raça -para não entrar em outras linhas paralelas de considerações. De modo que grandes são os mistérios com que devemos nos deparar neste estudo -e “grande” seria mesmo a palavra literalmente adequada aqui em alguns casos. Apenas para efeitos didáticos e de analogias, tomemos então as estruturas culturais da raça árya, com sua fórmula elementar 3:5 quer dizer: reunindo as iniciações da raça em si com a de sua Hierarquia.
Uma raça aristocrática -ou terceira raça e terceira casta- também enseja a terceira iniciação nos seus melhores e mais avançados expoentes. Ao mesmo tempo em que, no caso da raça árya em especial, a Hierarquia que a acompanha ostenta a quinta iniciação, uma vez que ambos os “reinos” evoluem em cursos distintos de tempo onde a Hierarquia começou a sua evolução anteriormente. Tudo isto é muito importante como referência para os Mistérios de Maitreya e para tudo o mais que ele simboliza e antecipa.
E onde começam então as nossas analogias? Modo geral, devemos partir do estágio da evolução atual da espécie humana, naquilo que a Cronologia Esotérica da Doutrina Secreta -devidamente traduzida para termos racionais- chama de “Segundo Sistema Solar” ou o Segundo Kalpa da evolução humana, que são os ciclos de 26 mil anos do Ano Cósmico. Segundo a própria Ciência, a espécie humana possui cerca de 50 mil anos de evolução superior, que é uma evolução que está diretamente relacionada à ação de distintas Hierarquias espirituais intimamente articuladas entre si. Até antes desta data a nossa espécie simplesmente não possuia uma série de recursos que hoje são considerados como básicos, a nível de economia, sociedade, família, arte, etc.
Deste modo é fácil ver que estamos em plena transição para um terceiro ciclo maior. Este conhecimento permite compreender a importância da energia psíquica durante todo o Kalpa que está encerrando, envolvendo em seu universo a sexualidade, a religião, a fé, a mitologia, a psicologia, a magia astral, a própria astrologia, etc.
Em decorrência tais coisas também afetaram as missões que todos os avatares deste Kalpa vieram realizar no mundo. Estes avatares estiveram muitas vezes marcados pela energia mais passiva da religiosidade, da dor, da resignação, do serviço, do sacrifício, do sacerdócio, da expiação e da devoção. Em síntese, a imagem dos avatares era aquela de um grande Discipulado Cósmico. O protótipo deste ciclo, que é Sanat Kumara, traduz bem este princípio por seu atributo de “Eterno Sacrifício”.
E tudo isto deve começar a ceder lugar então para um novo universo baseado na energia mental, onde já será fundamental o conhecimento, o estudo, a meditação, o discernimento, a magia mental, etc. As Hierarquias por sua vez manifestarão a energia ativa da nobreza, do idealismo, do romantismo, da arte, da beleza, da organização social, da dignidade, da coragem, da ousadia, do valor, da criatividade, da emancipação, etc.
O resgate desta Iniciação é fundamental para a superação do Kali Yuga e a projeção do ser humano na direção de Idades mais positivas do mundo, através da sua emancipação espiritual pela criação de uma proteção espiritual contra os miasmas astrais que dominam ainda o planeta, em função da juventude da espécie humana, do seu passado primitivo e porque ela segue todavia produzindo muito sofrimento e negatividade.
Neste aspecto temos apresentado já estudos e obras sobre o teor positivo do Dharma de Maitreya, simbolizado pela sua postura ereta ou mesmo sentada à “maneira ocidental”. Naturalmente tudo isto também evoca a Cultura Solar, uma vez que o Plano mental possui uma direta conexão com a luz do Logos. Tal como em relação ao tema da própria Civilização Solar árya, ainda que neste aspecto já exista uma influência direta do Quinto Plano ou Átmico dos Mestres.
Acaso Maitreya deverá por isto ostentar riquezas ou promover guerras comuns?! De modo algum! Os Mestres são sempre humildes renunciantes que adaptam-se ao extremo às sempre limitadas condições que o mundo lhes oferece. A Hierarquia é um símbolo de resiliência, de renovação e de transformação das coisas.
Quase tudo o que se mostra de Kalki Avatar ou do Cristo do Apocalipse é simbólico, salvo aquilo que já soa expressamente espiritual. Nem por isto devemos cometer o erro de confundir estas coisas com o subjetivo e o individual. Não obstante, deve-se estimar que Maitreya será um formidável guerreiro espiritual, que os anjos estejam todos a seu serviço e forças inestimáveis sejam mobilizados para as suas nobres causas...
É preciso sempre ter em conta não obstante o caráter solar da avatarização de Maitreya, manifestando-se numa Era positiva, destinada a forjar todo um novo modelo de Civilização. Tal Missão é equivalente à do Manu racial, o Mentor da Civilização -ver a respeito também em "O último Mensageiro". Ademais, avatares solares como Krishna e Kalki/Maitreya, tem como missão trabalhar pela implantação do paraíso terreal, também conhecido como “Idade de Ouro”.
Em termos práticos tudo isto se destina a afetar fortemente os rumos da Civilização na direção de modelos de vida sábios e sustentáveis em favor de uma humanidade cada vez mais livre e iluminada. Pois,
É preciso parar as guerras
É preciso proteger o planeta
É preciso salvar a humanidade
Esta foi portanto a explicação principal da “nobreza” de Maitreya. Apenas de passagem e de forma complementar, trataremos também do valor “5” que coroa espiritualmente a raça árya através da sua Hierarquia.
Para isto já deveremos tratar das grandes subdivisões do Ano Cósmico, ou seus arcos de tempo também chamadas de “rondas” na Teosofia, tal como de Manvantara e Pralaya na linguagem hinduísta. Atualmente nos encontramos naturalmente na Quarta Ronda mundial, pois estamos encerrando o quarto arco do tempo cósmico, que foi também um Manvantara (ciclo de civilização). Este fato reforçou o caráter religioso e sacerdotal dos avatares e das religiões deste Kalpa, através das energias da cruz espiritual.
Não obstante, agora estaremos no quinto arco -ou na Quinta Ronda- da evolução da espécie humana, que será ademais um Pralaya (ciclo de naturização). Ora, a quinta iniciação é aquela do Adeptado, dos Mestres de Sabedoria, que são verdadeiros videntes cósmicos. Para isto podemos evocar as altissonantes referências das profecias budistas sobre a exímia e perfeita sabedoria que Maitreya manifestará.
Para saber mais
Veja também
Sapta Sadhana: O Dharma do Arco-Íris de Maitreya
Sarvagatha Dharma: A Lei Plenária
Sobre o Autor
Luís A. W. Salvi é estudioso dos Mistérios Antigos há mais de 50 anos. Especialista nas Filosofias do Tempo e no Esoterismo Prático, desenvolve trabalhos também nas áreas do Perenialismo, da Psicologia Profunda, da Antropologia Esotérica, da Sociologia Holística e outros. Tem publicado já dezenas de obras pelo Editorial Agartha, além de manter o Canal Agartha wTV.
Imagem: LAWS no Templo de Kwan Yin, 2008, Alto Paraíso.
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