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(continuação) Os Espelhos de Sabedoria


Feitas estas considerações, que nos posicionam histórica e doutrinalmente, passemos a analisar em maiores detalhes os caminhos ocultos nos Espelhos de Sabedoria. Num primeiro momento devemos tratar de afirmar os opostos, para depois contrastá-los entre si, e então obter uma síntese central, que será o equilíbrio, dando acesso aos Quatro Portais Sagrados: Realismo, Amor, Infinito e Eternidade.
A síntese abtida através dos Espelhos de Sabedoria representa fórmulas de "Vazios" (Sunya) e caminhos de "Magia" (Maya), de classificações transcendentes ou absolutas (significa "indiviso"). Nisto, também observaremos todo o tempo aspectos comunicantes entre os Espelhos ou entre seus reflexos.

a. "Superior e Inferior": O Espelho da Hierarquia.

O Espelho do Realismo nos posiciona no centro dos polos opostos muitas vezes designados "céu" e "terra", ou entre o "espiritual" e o "material".
À medida que caminhamos na vida percebemos que existem aqueles que se encontram acima de nós e também os que se acham, abaixo de nós. E com isto nos sentimos como elos de uma grande cadeia. Esta é a nossa posição verdadeira no quadro da evolução, sejamos quem formos. Aqueles que fogem à esta regra são excessões ínfimas, ainda que importantes.
Por isto um dos grandes símbolos da vida é a "escada de Jacó", aquela imagem na qual Jacó viu anjos subindo e descendo do céu. Subir e descer são os movimentos inelutáveis da roda da fortuna ao qual ninguém pode escapar, nem mesmo os anjos. Afinal, assumir uma missão na Terra acarreta em adquirir esperiência nas coisas materiais. Os ciclos espirituais são dialéticos; no serviço à luz por vezes subimos e por vezes descemos.
Este Espelho ensina a honrar e servir os superiores e a honrar e servir os inferiores, na medida em que todos fazem parte de uma harmonia maior. Se isoladamente as classes mostram tendências definidas, no conjuto da sociedade vamos encontrar o verdadeiro equilíbrio. Cada um pode ser feliz na tarefa que lhe cabe, seja ela qual for. A grande regra é conhecer o seu dever e cumprílo.
A humildade e a simplicidade não são questões menores. Toda a boa obra tem as suas bases bem assentadas no solo da justiça. Os simples e os humildes cumprem a sua parte na evolução do mundo. Não podemos pretender mudar tudo de uma hora para outra, pois assim chocaríamos os simples e se geraria destruição: tudo deve ter seu tempo de maturação. A humildade está em reconhecer as virtudes de todos e também que todos necessitam sempre crescer e se aperfei¬çoar.
A aplicação prática mais direta deste princípio diz respeito à relação mestre-discípulo. O mestre necessita do discípulo como este necessita do mestre, não para benefício mútuo, mas para a geração de algo trans¬cendente, tal como numa orquestra a sinfonia resultante da colaboração entre maestro e músicos transcende os valores individuais de todos eles.
O mestre necessita servir o mundo e à evolução para seguir seu caminho infinito. E o discípulo necessita servir a hierarquia que conhece os caminhos da evolução. O mundo necessita tanto de trabalhadores simples como de sábios e iluminados.
Uma obra necessita ser coroada com o seu telhado, ter sua proteção e amparo. Os guias são imprescindíveis para o progresso real de um povo. São eles que dinamizam e purificam as sociedades.
O homem superior necessita ter subordinados, e os homens simples necessitam ter seus guias. Os simples compreendem que não podem andar sozinhos: eles desejam modelos nos quais inspirar-se. E os melhores entendem que trabalham pelos humildes, pelos quais inclusive deve se sacrificar, num quadro de harmonia onde os filhos recebem dos pais, e onde os filhos também chegarão a ser pais por sua vez. O sábio com¬preende este ciclo e se posiciona no seu centro, ali onde o tempo se anula para dar lugar ao estado de Realismo.
O Realismo se relaciona à realeza. De fato, o Realismo denota a postura do rei, posicionado entre o céu e a terra como um intermediário perfeito e transcendente, um elo mágico entre o superior e o inferior. De fato, esta é a verdadeira esta é a condição humana, destinado a despertar e vivenciar o Ser e a existir como consciência pura, além do céu e da terra.


b. "Positivo e Negativo": O Espelho de Gênero.


O Espelho de Gênero nos leva a refletir sobre a nossa polaridade pessoal e o seu valor no plano da criação. Descobrimos que tudo tem a sua polaridade mo uiniverso, mas também que existe uma condição mágica na qual estes opostos se aproximam, incluem e superam mutuamente, ainda que por um átimo crepuscular. No fim, descobrimos que toda a existência é também um reflexo fugaz na Dança Cósmica de Criação e Absorção das formas. Esta magia corresponde ao Portal do Amor, que representa em si a uma forma de androginato, espiritualmente entendido, de modo que não diz respeito a procurar imitar o genero oposto, mas simplesmente em expressar o próprio gênero de forma pura e equilibrada.
Assumir plenamente o nosso gênero, com seus respectivos desafios, é também um caminho de luz, pois a condição de homem e de mulher comporta valores nobres. Assim, o homem deve buscar a masculinidade e a mulher deve buscar a feminidade. De fato, ser homem e ser mulher representa aspectos de equilíbrio, na medida em que difere de ser macho ou ser fêmea (no sentido de ser machista e feminista), aspectos extremos sempre sujeitos a radicalismos. A tendência ao exagero surge como compensação de uma falta interna e na ausência de um caminho real. Desenvolver os valores masculinos e femininos é o caminho para o equilíbrio. Apenas quando centrados é que podemos realmente conhecer as maravilhas de ser homem ou mulher.
A mulher deve cultuar o masculino cósmico através da religião paternal (monarquia, sacerdócio), e o homem deve cultuar o feminino cós¬mico através da religião maternal (naturismo, socialismo). Estes cultos de amor geram a complementaridade e a harmonia interior. Apenas contrastando com o oposto é que podemos afirmar a nossa verdade última. E a busca do caminho espiritual revela que estamos desejando algo maior e mais pleno. E com isto nos preparamos para os grandes encontros de nossas vidas, especialmente com nossa alma gêmea.
O Portal do Amor representa o surgimento do androginato espiritual, que é um estado transcendente no qual já não existem anseios de complementaridade porque ali tudo é Um. O tema diz respeito à assexualidade da Alma, assim como ao chamado "sexo dos anjos", que não dispensa o gênero, mas sim o desejo.

c. "Interior e Exterior": O Espelho do Espaço.

O Espelho do Espaço nos leva a refletir sobre o nosso dom de presença no mundo, seja presença interior como peresença exterior, e cujo equilíbrio conduz ao Portal do Infinito. Expressa a nossa posição diante da existência.
Num primeiro momento, este Espelho de Sabedoria trata da influência mútua entre o ambiente e o indivíduo, entendendo o ambiente seja como o espaço físico, seja como espaço social. A interação homem-ambiente segundo a estrutura física e sua influência sobre a saúde geral é estudado na Psico-Ecologia. A interação homem-sociedade é tratada no Comportamentalismo.
Outro dos aspectos que vela este Espelho é a correlação entre forma e essência ou entre a imagem e a realidade. A preocupação com a auto-imagem num mundo exteriorizado como o nosso costuma ser imensa. Mas o fato é que a geração desta verdadeira casca sobre a nossa essência, tende a impedir a entrada de luz e a bloquear nossa alma.
O Espaço é tambérm a dimensão social do Eu e do Outro vistos como entidades que ocupam o espaço interior e exterior.

d. "Passado e Futuro": O Espelho de Tempo.

O Espelho do Tempo nos dá a oportunidade de refletir sobre alguns dos fatos mais importantes da existência, como o início e o fim da existência, mas também de suplantarmos tanto quanto possível esta dualidade através da harmonia entre nascimento e morte através no Portal da Eternidade.
Inicialmente, devemos refletoir sobre o passado. O Passado está representado por muitos fatores, como as nossas origens espirituais, as raízes telúricas e a nossa idade física.
Desde o ponto de vista pessoal, o ato de nascer marca o ponto mais remoto de nosso passado. Trata-se de um evento maravilhoso. Alguns dizem que se trata de apenas mais um nascimento numa cadeia mais ou menos infinta de renascimentos, enquanto outros dizem que se trata de um evento único e insubstituível. Existem tam¬bém visões que procuram se equilibrar entre ambas as posições. Seja como for, devemos ter gratidão pelo nascimento e tratar de aproveitar esta oportunidade, coisa que ao fim apenas poderemos fazer bem equilibrando com o momento oposto, que é o da morte.
Também podemos assumir o passado honrando a nossa antecedência, através dos antepas¬sados, dos ancestrais, dos mestres e dos nossos pais, assim como a todos aqueles que entraram em nosso caminho, aos quais devemos ser gratos. E devemos tratar de retribuir o que nos legaram, o que fazemos especialmente através da geração de nosso futuro e da herança que por nossa vez legaremos aos que vem depois, o que nos leva ao ítem seguinte.
O futuro pode ser visto, portanto, como aqueles sobre os quais a nossa influência incide diretamente, como nossos filhos, descendentes e alunos. O sábio não trabalha apenas por sua geração. Ele entende que os frutos de seu trabalho serão melhor compreendidos pelo futuro.
Ter consciência de nossos deveres para com as futuras gerações acarreta em bom carma e permite com que colhamos os melhores frutos na vida. Pois o futuro representa também o nosso Plano existencial. Para chegar a ele devemos lutar por nossos projetos de vida, que podem ser individuais, conjugais, coletivos ou espirituais.
Aqui também entra assumir a nossa idade, sem maquiagens ou pinturas. A nossa aparência externa não deveria ser ocultada porque expressa uma verdade a nosso respeito, cabendo-nos antes assumir dignamente esta realidade e tratando de desenvolver o lado positivo desta situação –porque ele sempre existe. Aquele que usa uma máscara apenas revela que não aceita o destino, e além de não cultuar o seu lado positivo, ainda oferece uma imagem falsa e inútil.
À medida que este corpo se desvanece, devemos despertar mais intesamente para a nossa existência além desta vida, que será o nosso futuro. Para isto não podemos ocultar o passado, pois sem ele tampouco teremos o nosso futuro, que é tão ou mais importante que o passado.
A consciência da morte é a única coisa que nos permite viver como devemos, cientes de que esta existência é finita no tempo e que deve ser aproveitada da melhor forma possível. Este aproveitamente é feito sim tendo as experiências possíveis e necessárias, mas sempre buscando o equilíbrio entre quantidade e qualidade.
Para que a consciência da morte não se torne algo mórbido, ela deve ser equilibrada com a consciência do nascimento. Isto é, devemos pensar que a morte poderá ser um novo nascimento. Mas para isto, necessitamos tomar as medidas cabíveis, que é viver com intensidade e equilíbrio.
Este evento sempre trágico representa o maior desafio da vida, e sem ele nos tornaríamos vulgares e diabólicos. Apenas crescendo na sua consciência e tomando as medidas necessárias para vencer tanto quanto possível esta barreira, é que assumimos realmente a nossa missão e cumprimos nosso plano existencial.
Para isto buscamos os caminhos que levam à Eternidade, como todas as formas de religião ou como todas as formas que a religião única aponta como caminhos e etapas para alcançar o Além. Quando por fim adquirimos segurança de transcender o tempo, entramos num outro universo pelo Portal da Eternidade.

Da obra "Dhamra - a Canção da Vida", LAWS.

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