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A Sabedoria Cósmica de Maitreya

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A exaltada figura do Buda Maitreya tem sido representada sob dois aspectos principais: a sua aristocracia espiritual e a sua sabedoria cósmica. A sua “nobreza” temos já explicado através de suas diferentes Missões em função das energias da atual transição planetária, e a questão da sua sabedoria na verdade também pode ser compreendida em termos semelhantes.

Iniciemos porém com uma citação de palavras do Buda Gautama sobre a vinda do futuro Buda Maitreya:

“No devido tempo, irmãos, virá ao mundo o exaltado Buda Metteyya (Maitreya), levantarse-á guiado por sabedoria e bondade em abundância, com a Ciência dos Mundos, insuperável como um Guia para os mortais, aos quais conduzirá como um Mestre dos deuses e dos homens. Será um exaltado Buda assim como sou neste momento. Ele, por sí só, conhecerá e verá plenamente a natureza deste universo, com seus mundos dos espíritos, seus brahmas e maras, e seu mundo de solitários e brâmanes, de príncipes e povos, assim como eu neste momento, por si só, o conheço e os vejo por completo.” (Digha Nikaya)

Podemos quiçá resumir tal apologia nas palavras “Ciência dos Mundos”, em alusão a uma Astrologia Cósmica de grande precisão e eficácia. De fato todas as restantes referências convergem de algum modo para esta definição inicial, uma vez que o conhecimentos dos ciclos e dos planos da evolução inclui as suas Entidades. O texto citado é sintético mas reporta-se positivamente a alguns dos maiores mistérios da espiritualidade, e também seus contrastes, como “brahmas e maras”, ou deuses criadores e deuses destrutivos, “solitários  e brâmanes” referente a Budas e sábios, e “príncipes e povos” em alusão às hierarquias sociais. Trata-se pois de conhecimentos necessários ao bom cumprimento das Missões de Maitreya, em termos de Cosmologia, Angeologia e Sociologia, entre outros. Assim Maitreya será um Sábio cósmico e um grande Astrólogo planetário, trazendo plena luz sobre os mistérios do Relógio Cósmico. 

Maitreya é com efeito o grande codificador do Relógio Cós-mico, seguindo as sugestões dos seus preceptores e as indicações das antigas tradições. Além de reunir devidamente os ciclos ele também realizou os ajustes adequados para tornar este Relógio realmente lógico e funcional. Raramente os ponteiros do Relógio Cósmico têm sido reunidos devidamente desde os tempos atlantes, e menos ainda alcançado efetuar o ajuste fino entre os seus ciclos, possibilitando uma visão clara, coerente e integrada da evolução da humanidade. É aqui onde podemos dizer, contrapondo certo ditado, que Deus está nos detalhes. As informações básicas já se encontravam no mundo porém era preciso reunir e sobretudo sincronizar as esferas. E para isto também foi preciso reunir informações advindas de diferentes tradições até alcançar os resultados almejados.

O Relógio Cósmico representa porém apenas o calendário central e a grande síntese manifestada por Maitreya, como resultado de anos de intensas investigações em torno do universo da astrologia esotérica e dos calendários tradicionais do mundo inteiro. Maitreya também organizaria outros calendários importantes para fins específicos, sobretudo de teor social voltado para a evolução da nova raça raiz.

Maitreya vem resgatar portanto os Saberes perfeitos primordiais da Hierarquia. Trazendo um ecumenismo verdadeiro e essencial para todo o mundo, Maitreya ensina sobre a evolução da humanidade de forma plena e primorosa. Um aspecto muito importante em relação aos seus Ensinamentos é que toda a sua vasta obra está objetivamente edificada sobre a Ciência Iniciática: raças, rondas e castas... tudo sempre tem por base a espiritualidade dos estágios evolutivos humanos, hierárquicos e divinos.

Estes fatos seriam porém novidades para o mundo?! Não de todo, porque uma vez mais temos aqui claras referências aos Dharmas espirituais da Raça Árya. Estamos falando pois dos Adeptos de quinta iniciação que coroaram a Hierarquia espiritual desta humanidade. Tal energia de quintessência foi empregada então para forjar a síntese da verdadeira Civilização, como uma espécie de sistema iniciático coletivo, o qual teve quiçá o seu melhor exemplo no sistema social da Índia védica e brahmanista, sobretudo nos termos puros em que foi implementado lá nas suas origens.

Toda esta rica e pulsante experiência histórica desagua hoje de maneira um tanto surpreendente para servir de base para os ciclos cósmicos da humanidade que se aproximam. Sendo também muito importante como referência para os Mistérios de Maitreya e para tudo o mais que ele simboliza e antecipa.

Pois Maitreya traz revelações de maravilhas que a humanidade jamais imaginou ser possível conhecer. Maitreya traz a perfeita doutrina tântrica de harmonia dos contrários, por isto ele também é conhecido como Padmani, “Lótus-Joia”.

Talvez o grande diferencial seja -à parte naturalmente o resgate de muitos saberes perdidos nesta e em outras áreas- em função da aberta divulgação que receberão doravante estes enaltecidos saberes, até então tidos como secretos ou sigilosos. Uma das razões desta abertura, será justamente a chegada de um grande ciclo planetário fundado em tais energias, permitindo a socialização destes conhecimentos, e que será o nosso tema a seguir. 

1. A Quinta Ronda

O estudante atento da Teosofia, sabe então que vivemos atualmente a Quarta ronda Planetária. Trata-se neste caso das grandes subdivisões do Ano Cósmico, ou seus arcos de tempo também chamados de Manvantara e Pralaya na linguagem hinduísta.

Em decorrência tais coisas também afetaram as missões que todos os avatares desta Ronda vieram realizar no mundo. Em função do teor quaternário desta ronda, tais avatares estiveram muitas vezes marcados pela energia mais passiva do sacerdócio e da religiosidade, da dor e do sacrifício, da resignação e do serviço, da expiação e da devoção, através das energias da cruz espiritual. Assim como pela energia do romantismo, da arte e da beleza, naquilo que podemos definir como Mistérios Órficos e Ctônicos Primais. Em síntese, a imagem dos avatares era aquela de um grande Sacerdote Cósmico, tendo como protótipo principal deste ciclo a imagem de Sanat Kumara, cujo atributo de “Eterno Sacrifício” traduz bem este princípio.

Não obstante eis que este quarto arco do tempo cósmico, que foi também um Manvantara ou ciclo cósmico de civilização, se encerra na atualidade, pois integra o segundo Kalpa ou Ano Cósmico ora em conclusão. Com isto, estaremos agora inaugu-rando a Quinta Ronda de evolução da espécie humana, que será ademais um Pralaya ou ciclo de naturização. Ora, a quinta inici-ação é aquela do Adeptado, dos Mestres de Sabedoria, que são verdadeiros videntes cósmicos. Daí as altissonantes referências das profecias budistas sobre a exímia e perfeita sabedoria que Maitreya manifestará.

Com efeito -e para encerrar este tema com “ares sapienciais”, o conhecimento técnico e simbólico representa também uma característica da nobreza espiritual, nos termos do Ocultismo ou dos Saberes Ocultos. É bem conhecido o famoso sermão silencioso do Buda Gautama onde ele meramente apresenta um Lotus em sua mão. Analogamente Maitreya poderia apresentar um sermão mudo mostrando apenas uma forma geométrica, quiçá um dodecaedro que para Platão era a forma regular de simbolismo mais avançado das energias, ou mesmo um icosaedro, já que ambas trazem referências cósmicas importantes para os novos tempos. 

Da mesma forma como um lótus poderia induzir ao intuir-sentir, uma forma geométrica poderia levar ao intuir-saber. No simbolismo tradicional, muitas vezes as flores substituem com efeitos geometrias sagradas. De modo que ciência está para a nobreza espiritual assim como a mística está para o sacerdócio religioso.

Durante toda a Era de Peixes ou mesmo além o Conhecimento foi tratado como um tabu, por afastar supostamente de Deus. Neste sentido uma das grandes tarefas de Maitreya é rearmonizar estas dimensões humanas e da espiritualidade, equilibrando a fé e a gnose, sob os marcos do Perenialismo.

Conhecimento é magia e iluminação, porém a verdadeira ma-gia está na realidade, quer dizer: no conhecimento verdadeiro, porque a realidade é mágica e é iluminada. Somente a Verdade tem a força do Ser e do Realizar. Apenas a Realidade é construtiva e edificante. Tudo isto Maitreya vem demonstrar ao oferecer um conhecimento verdadeiro reunido à sabedoria.

2. O Pantocrator

São conhecidas as grandes virtudes divinas de onipotência, onipresença e onisciência, podendo-se ainda acrescentar a onisenciência, o poder de tudo sentir. A Trindade divina divide entre si estas virtudes, caracterizando melhor o Deus Pai o poder, o Deus Filho o amor e o Deus Espírito a sabedoria. Por consequencia, os avatares também personificam uma ou mais destas virtudes, qui-çá acumulando-as paulatinamente.

Vale dizer então, que a interpretação dos atributos divinos pode variar. A onisciência, por exemplo, pode se referir a uma sabedoria universal, e não a um “saber de tudo”. A onipotência, pode significar o poder de atuar nas mais diversas frentes, e não alcançar realizar toda e qualquer coisa. E a onipresença, em complemento aos anteriores, pode representar o fazer-se presente em todas as situações realmente importantes da vida, assim como a um possível sentido de ecumenismo. Quando à onisenciência, está muito relacionada à compaixão, a capacidade de ser solidário e sensível às necessidades de todos. Tais coisas poderiam até sugerir uma condição “além do bem e do mal”, quiçá uma expressão tântrica ou, mais acertadamente, algo ainda mais elevado.

Observando as profecias, não é tão fácil qualificar a virtude dominante do avatar aguardado, uma vez que os mitos se dividem nas suas atribuições. O Kalki Avatar e o Cristo do Apocalipse podem ser vistos como um guerreiro, coisa que pode corroborar a ótica ortodoxa do Pantocrator, o “Todo Poderoso”. 

Mas Maitreya costuma estar associado à compaixão e à sabedoria. Isto nos leva a considerar a questão racial, pois a Sexta Raça-raiz que inicia agora, corrobora esta energia amorosa que não deixa de resgatar aspectos da Era de Peixes. Embutido neste conceito, existe uma importante questão quaternária, por se tratar esta entrante quarta raça propriamente humana, reforçando assim o Quarto Raio do reino humano, com sua energia de amor, arte e da magia, assim como de busca de harmonia; e que certamente não deixará de caracterizar a energia do novo Messias, quiçá com o atributo da onisenciência. O jarro do aguador pode remeter ao quarto centro ou o coração espiritual, e ainda aludir à fluência da sabedoria cósmica, acumulada pelo ancião Saturno que rege o signo de Aquário, em alusão também à nova raça e à ronda que vem concluir

A Astrologia sideral pode, então, auxiliar por fim a conhecer estas energias: o signo de Aquário envolve a sabedoria cósmica e a fraternidade, valendo lembrar que o citado Pantocrator carrega um livro sapiencial que, obviamente, não representa apenas o Evangelho, mas a própria Sabedoria espiritual plena (quiçá resumida no Apocalipse de João ou mesmo nos misteriosos Livros de Dzyan...). 

O livro simboliza pois aqui a própria sabedoria iluminada, correspondendo de certa forma ao jarro-cornucópia que carrega o Aguador de Aquário quando verte sobre a Terra a verdadeira luz da sabedoria divina. Neste caso, o Todo Poderoso se revela também o Todo Sapiente, na tradicional vinculação entre poder e conhecimento, presente em tantos mitos sagrados como Miner-va/Atenas, Manjushri e Kuan Ti.

Assim, todas estas energias compõem as diferentes facetas da nova manifestação divina, por vezes formuladas desde o ângulo de avaliação de uma ou de outra doutrina do tempo.

Eis agora um “segredo de bastidores”. Uma das razões pelas quais Maitreya iluminou-se da forma como fez -à parte toda a excelente preparação prévia que realizou e as demandas destes tempos para tal-, foi justamente em função do seu genuíno amor pelo conhecimento puro, ou jnana yoga. Mais pontualmente, ele manifestou obediência ao pedido dos Mestres de abrir mão da astrologia comum -pela qual não apenas tinha grande apreço, como também vinha sendo muito bem-sucedido profissionalmente- para se preparar melhor ainda visando um futuro entendimento da Astrologia Esotérica, o que aconteceria após a sua iluminação. Ele nutria pois esta motivação íntima e demonstrara a disposição de pagar o preço pela revelação. 

Tudo isso exemplifica quantas renúncias pode haver no caminho de um Buda…

3. O Testamento Eterno

Representa um imenso privilégio para a humanidade contar com uma grande literatura elaborada diretamente por um importante Mestre. Muitas religiões acumulam grandes literaturas, mas que na realidade são elaboradas por muitas mãos, mesmo desde o seu primeiro momento. Não é difícil notar que a natureza e a própria qualidade destes ensinamentos muitas vezes é variável, dando margem para questionamentos e divisões entre os seus seguidores. Daí a importância de contar desta vez com um cânone organizado diretamente pelo próprio Buda, adquirindo assim por mérito próprio as características únicas de um “Testamento Eterno”...

Não pode haver dádiva maior do que receber uma instrução direta a respeito das coisas mais importantes, que são aquelas que dizem respeito à verdadeira iniciação e à verdadeira iluminação, tal como os passos capazes de conduzir a elas. Além de todo uma instrução metódica para conhecimentos gerais sobre a evolução passada, presente e futura da espécie humana. Mesmo que algumas lacunas possam restar aqui e ali, o seu espírito geral será capaz de inspirar na sua devida completação no tempo oportuno.

Talvez a humanidade jamais tenha tido esta oportunidade ao longo de toda sua história, inclusive por razões técnicas, já que a arte da escrita somente agora representa uma técnica fluida dentro da conta dos milênios nas quais vêm os avatares. Outra razão é que a conclusão de um grande ciclo possibilita de fato a acumulação de muito conhecimento. Como já anunciamos, esse tipo de conhecimento tem sido elaborado ao longo dos tempos, seja pelo gênio individual ou coletivo. Porém ele jamais tem sido detalhado tão didaticamente e de forma aberta para o grande público. 

Uma das mais destacadas virtudes do novo Buda é, portanto, a sua sabedoria cósmica, já anunciada nas antigas profecias budistas. Disse o próprio Gautama: “Não sou o primeiro Buda que existe, nem serei o último. No tempo devido outro Buda levan-tar-se-á no mundo, um Santo, um supremamente iluminado... um incomparável Líder dos homens... Ele vos revelará as mesmas verdades eternas que vos ensinei.” Santidade, iluminação e lide-rança. Parece nada faltar nesta profecia, digno daquele que é considerado o Último dos Avatares!

Vivemos tempos de cumprimento das profecias, de modo que todos os sinais já se acham presentes na Terra, nesta atual transição de raças. A sabedoria iluminada de Maitreya já pode ser conhecida, em toda a sua amplidão, até porque nada há mais a ocultar, uma vez que o verdadeiro desafio não está na informação, mas sim na prática, quer dizer, no entendimento pessoal dos Mistérios, tal como na ampla revelação que caracteriza a abertura das Escolas de Mistérios na eras positivas do mundo.

Maitreya é o sábio mais completo que jamais existiu. Como um verdadeiro Triplo Tesouro, a sua obra é a mais extensa, a mais profunda e a mais diversificada possível. A Diversidade da sua criação está simbolizada pela luz variada do arco-íris, fruto direto do universalismo da Sabedoria tradicional. A Qualidade do seu trabalho deriva da profundidade da transcendental. E a Quantidade ou volume se associa à amplitude perceptiva ou vas-tidão intelectual.

A luminosa sabedoria de Maitreya está plasmada em dezenas de tratados que constituem verdadeiras enciclopédias esotéricas, em torno de temas sempre muito interconectados como astrologia, geografia sagrada, sociologia holística, psicologia avançada, antropologia esotérica, filosofia perene, teosofia científica e outras.

Todas estas obras foram organizadas após a iluminação de Maitreya, contando portanto com o mais elevado grau de pureza e de energia, visando contemplar o verdadeiro universo da iniciação e da própria iluminação. As suas temáticas traduzem naturalmente as etapas de trabalhos de Maitreya enquanto Bodhisatwa e mais especialmente como Buda, ao longo da manifestação de seus kayas ou veículos cósmicos de consciência.

O Kalki Avatar é o recodificador da Civilização, o Manu que veio para edificar a nova Raça-raiz, revelar as instituições da Idade de Ouro e plasmar o caminho para se chegar até elas, atu-ando diretamente na consolidação superior da nova Raça.

Cabe beber, pois, deste grande manancial de sabedoria eterna, que somente a Era de Aquário poderia trazer, simbolizado pelo jarro-cornucópia do Aguador, nesta consumação de toda a evo-lução humana que prepara a espécie para a sua condição cósmica futura.


O misterioso Livro de Dzyan


A alta sabedoria dos Mestres tem orientado a humanidade através dos eons e criado as mais belas páginas da sua evolução. É o cuidado e a assistência dos Mestres que tem libertado a humanidade de inúmeros cativeiros que a ignorância humana já criou para si mesma.

A longevidade das Altas Ciências tradicionais é de difícil mensuração. Contudo os sinais das primeiras grandes sínteses começaram a ser formuladas de maneira eloquente naquele fértil contexto cultural que Blavatsky chamava de Lêmuro-Atlante, onde se realizaram as preparações para a chegada do atual Manvantara ou ciclo cósmico. Nosso estudo começa pois enunciando brevemente a trajetória que o conhecimento humano tem realizado até alcançar as presentes revelações dos Mistérios, naquilo que poderá ser descrito então como “o eón do conhecimento sagrado”.

Da Lemúria ao Tibet 

A tradição oriental assinala este acontecimento através da manifestação da cidade sagrada de Shambhala, sob a direta coordenação do rei do mundo Sanat Kumara.

Os primeiros templos arquitetônicos da humanidade dão testemunho de uma grande ciência natural e também espiritual dada a riqueza e a complexidade do seu simbolismo. Gobekli Tepe demonstra cabalmente que a religiosidade era não fruto da Civilização e sim o seu motor dirigente. 

Já então as grandes sínteses das energias divinas puderam ser representadas pelo mais importante símbolo tradicional que é o da Cruz. A excelência da sabedoria tem sido sempre expressa através de súmulas e de sínteses. A síntese pode ser expressa até mesmo num simples símbolo minimalista, tal como a súmula pode ser reunida num texto ou num diagrama complexo mas também sumário. O presente estudo tratará de ambas as coisas, baseada da exímia ciência das mandalas elaboradas nos dois grandes hemisférios do globo.

Milênios passaram-se de tradições templares sob o espírito religioso e astronômico atlante, erigindo a rica cultura dos círculos de pedras e dos templos neolíticos. Até que esmeradas sociedades começariam a detalhar estas energias vindo a codificar as Ciências do Tempo da maneira mais meticulosa.

A chamada Pedra do Sol asteca representa a súmula máxima dos calendários tradicionais e através dela se manifestou a sínteses dos mistérios atlantes. Seus conhecimentos eram secretos e tal Pedra, herdada da sabedoria maia e tolteca, estava velada aos olhos profanas oculta no recôndito do mais sagrado templo asteca que era o Teocali. Muitos conhecimentos nela retratadas foram sendo aos poucos perdidos ou ocultados, como demonstra o destino dos ciclos da chamada conta larga de cinco mil anos da qual apenas se tem claro registro no mundo nahua nos antigos tempos olmecas, mas que os maias puderam preservar um pouco mais. Depois da Conquista a Pedra do Sol foi ocultada e apenas é conhecida hoje por causa das escavações arqueológicas mais ou menos recentes.

Hoje em dia chama-se a esta primorosa escultura meramente de “calendário”, afinal constam nele datações precisas. A realidade porém é que tal monumento, cujo nome tradicional é “A Casa da Águia”, não refere-se apenas a algum definido calendário, antes representando uma matriz cósmica do tempo e das energias da evolução divina, com aplicações no microcosmo individual, no mesocosmo social ou no macrocosmo planetário. De forma ostensiva porém, entende-se que a maior e mais completa expressão deste conhecimento recebe uma conotação astronômica ou astrológica, detalhando em especial as energias do último Grande Ano de Platão.

Deste modo, agora estava cabalmente demonstrado que o conhecimento humano havia alcançado a sua maturidade, ainda que a cultura asteca fosse apenas a última página de uma gloriosa história universal escrita em terras ameríndias.

E tudo isto estava simbolizado precisamente pela língua humana. No pensamento antigo a língua era um símbolo de poder espiritual porque graças a ela a palavra pode ser articulada. A associação da língua com uma faca ou espada reforçava este princípio de autoridade. Além dos atlantes os antigos etruscos também observaram este mesmo simbolismo solar. O mesmo também se encontra reproduzido na imagem do Logos do Apocalipse de São João. Por fim, os tibetanos, com sua curiosa tradição de saudar mostrando a língua, também eram grandes porta-vozes dos conhecimentos tradicionais.

Talvez a única cultura que tenha podido rivalizar com a exímia ciência calendárica dos antigos mexicanos tenha sido a tibetana através de suas elaboradas mandalas. E provavelmente o mais rico exemplar de mandala pertença à Doutrina do Tantra Kalachakra ou da “Roda do Tempo”, que hoje é identificada como origem do misterioso texto chamado por Helena P. Blavatsky como “Estâncias de Dzyan”. 

O leigo facilmente se sentirá desconcertado perante a série ininterrupta de símbolos que desfilam diante do leitor nos textos dos Livros de Dzyan, como uma linguagem das mais abstratas e simbólicas, não sendo difícil de imaginar nas suas raízes alguma série de hieróglifos ou ideogramas capazes de originar estas séries de imagens sugeridas como seria o misterioso Senzar de que fala Blavatsky. Na verdade o seu grafismo também existe, porém ele acontece na forma de mandalas.

Com efeito este misterioso texto hermético representa a melhor tradução de um esquema complexo como é a Pedra do Sol. Sua detalhada descrição das três esferas do tempo corresponde aos três ponteiros do Relógio Cósmico, em termos de rondas, raças e eras astrológicas, entre outros detalhes eventualmente tratados. Naturalmente a própria mandala Kalachakra deverá ser capaz de representar o mesmo e ainda muito mais. Porém para se pretender começar a decifrar os seus conteúdos, é preciso reunir conhecimentos de simbolismo, de esoterismo e de astrologia.

Os conteúdos da Obra

As narrativas dos Livros de Dzyan abarcam apenas o presente Grande Ano de Platão, cujos arcos são o Pralaya e o Manvantara. E da mesma forma como a Pedra do Sol trata de cinco eras, as Estâncias de Dzyan também descrevem cinco raças. A possibilidade de extrapolar esta conta (como faz a Doutrina Secreta) é meramente especulativa.

Em nossa obra “Chaves Secretas dos Livros de Dzyan” demonstramos também paralelos entre o texto tântrico com o Popol Vuh maia em suas descrições raciais e cosmológicas.

Embora a matemática de Blavatsky seja especulativa ou simbólica, as suas estimativas comumente são acertadas na prática, mesmo quando confunde antiguismo com antiguidade verdadeira. De fato as narrativas começam com as primeiras raça do Pralaya, e também procede que o grande fulcro das dinâmicas apresentadas remontem à transição do Mavantara.

De que forma temos conseguido decifrar finalmente os ver-dadeiros conteúdos dos Livros de Dzyan?! Através do conhecimento amplo de astrologia e de iniciação, tal como de sociologia e de antropologia, registrado em dezenas de obras dedicadas a cada uma destas matérias. Pois de tudo isto estão formadas as ricas narrativas das Estâncias de Dzyan, com alusões à evolução das raças e ao complexo processo social de transição planetária ocorrida no começo do atual Manvantara. 

Os Mistérios do Oriente são por regra bastante velados, o que não deixa de ser uma adaptação de sua própria longevidade, tal como de sua progressiva socialização cautelosa. Por esta razão uma comparação com uma cultura paralela como foi a do México Antigo -caracterizada já por uma vivaz didática intrínseca- reaviva os seus segredos, considerando que tal cultura sofreu uma abrupta ruptura no tempo.

Acaso os Livros de Dzyan apresentam algum interesse especial para o ser humano de hoje? Certamente que sim. Contudo podemos descartar perfeitamente toda a parafernália de mistificações criadas em torno dos Livros de Dzyan -antiguidade exagerada, impressão imperecível, linguagem desconhecida, etc., etc. Nada disto é necessário e apenas aumenta a sua suspeição em ambientes realmente sérios. 

Vimos mais acima que a Pedra do Sol representa uma matriz cósmica universal, e o mesmo vale para as Estâncias de Dzyan. Uma questão porém também se destaca naquilo que diz respeito ao momento atual da evolução descrita, que é exatamente na conclusão do todo. Acontece que podemos estimar uma analogia entre as complexas narrativas do final do Pralaya com este final de Manvantara. Além disto o termo “Shambhala” não se refere apenas ao mito e ao passado, mas também à profecia e ao futuro. Na cultura tibetana a questão sempre foi muito pautada nas dinâmicas sociais daquela cultura, porém sabe-se que Shambhala está ligada à vinda do futuro avatar Kalki, cuja chegada é iminente segundo os mais apurados calendários cósmicos e raciais. 

As Estâncias de Dzyan representam um tantra ligado ao sistema Kalachakra ou Roda do Tempo envolvendo ensinamentos objetivos sobre a transição planetária. Este tantra está relacionado aos mitos de Shambhala, fazendo parte da mitologia dos reis sagrados do Tibet e das profecias do Kalki Avatar. As interpretações de Blavatsky -quem desconhecia o contexto em questão- porém deixam quase irreconhecíveis estes sagrados conteúdos, sendo necessário tratar de estudar os textos originais, que podem ser as próprias Estâncias de Dzyan trazidas na Doutrina Secreta, pois embora corrompidas em muitas passagens ainda trazem muitas informações preciosas sobre as dinâmicas da evolução racial e planetária. Toda a narrativa das Estâncias respira os elevados propósitos na nobreza espiritual, desde as atitudes das mais altas hierarquias até os cidadãos comprometidos com os propósitos da evolução, enfrentando a sina dos recalcitrantes e dos acomodados que terminam sendo seus cúmplices.

Mito, história ou profecia, os Livros de Dzyan resultam acima de tudo atemporais. Por muito tempo alvo de crendice e de superstição, tanto como de ceticismo e reprovação, hoje é possível lançar um olhar perfeitamente profissional para extrair destes misteriosos conteúdos todo o seu verdadeiro valor.


Maitreya - tornando-se um Buda

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A formação espiritual de um Buda representa um dos processos mais complexos e desafiadores que pode existir no mundo atual, porque significa antecipar uma realização espiritual em muitos eóns quando a humanidade finalmente estará naturalmente preparada para ela, sendo daí compartilhada por todos. Até lá aquilo que temos é um quadro de esforços, renúncias e provações especiais para manifestar tais energias divinas na Terra. 

Tampouco precisamos insistir que para alcançar tantos objetivos, é necessário começar os esforços espirituais muito cedo, e realizá-los de forma sempre muito sólida e coerente. Quiçá, um Avatar necessita ser provado intensamente desde o seu nascimento e também dar provas abundantes de sua determinação em servir ao mundo como servem os deuses.

No presente estudo trataremos das grandes etapas búdicas e suas Hierarquias, vividas e alcançadas progressivamente por cada Buda segundo a natureza de sua missão, na forma dos chamados “Veículos dos Budas”, analisando também os esforços de Maitreya através dos grandes caminhos cósmicos de evolução. Desde já anunciamos que as presentes abordagens são vinculatórias, aplicadas e ilustrativas, extrapolando assim as visões restritas e segmentadas geralmente apresentadas pela literatura budista; já que este representa um assunto ao qual o Budismo não costuma oferecer maiores aprofundamentos.

Este estudo dará então a oportunidade para tratar da questão dos Monomitos, que é a aparente repetição de mitemas semelhantes em diferentes culturas. Demonstraremos as raízes deste quadro e onde a influência pode ou não acontecer. Mesmo havendo coisas em comum em função dos pré-requisitos convencionais para que uma avatarização aconteça, certas informações necessitam ser renovadas em cada nova manifestação divina, em função da necessidade de reafirmar a sua integridade e afastar as distorções da transmissão corrompida de informações. 

As diferenças também existentes entre estes mitos possuem causas que podem extrapolar as suas simples formulações exteriores étnicas de linguagem e de simbolismo. Acontece que os próprios avatares podem ser de categorias distintas e os mitos poderão refletir então este fato. 

1. As pegadas dos Budas (os Planos Cósmicos) 

É do conhecimento que aos Budas são atribuídos vários corpos ou veículos especiais de expressão chamados kayas, que são geralmente em numero de três, podendo porém chegar até a cinco, que é o número base da cosmologia budista.

Trata-se pois dos corpos de Manifestação, de Compaixão e de Conhecimento -e mesmo outros segundo certas correntes. O que são exatamente estes veículos? São estruturas evolutivas próprias da condição búdica, ou seu ritmo evolutivo por assim dizer, reunindo suas próprias sínteses energéticas.

Ora, da mesma forma como as energias da esfera siríaca ou hierárquica são triangulares -como demonstramos em nosso estudo anterior sobre a natureza dos Bodhisatwas-, as energias da esfera divina são setenárias em função da própria escala introduzida pelo grau de Bodhisatwa. Vimos que o próprio coroa ao Plano Físico Cósmico que simboliza o nosso sistema solar de evolução espiritual, e neste caso os Budas já avançam para os Planos cósmicos seguintes através dos seus sucessivos veículos, uma vez que a unidade evolutiva dos Budas passa a ser o próprio setenário. Embora os detalhes às vezes pareçam diferentes, o tema conflui com a doutrina dos quatro mundos da Cabala nomeados como "Emanação", "Criação", "Formação" e “Manifestação".  Num certo sentido, cada um destes Veículos possui uma relação direta com alguma natureza de Buda dentro da grande Hierarquia budista. Comumente fala-se apenas de três mundos excluindo o primeiro ou de Manifestação, que representa este nosso mundo material, e que corresponderia à evolução de Bodhisatwa, pois não se trata de uma condição divina Absoluta por incluir as evoluções humanas.

Com base em tudo isto, podemos atribuir uma cronologia para os Veículos do Budas com base em sete iniciações realizadas em doze anos. Isto tem analogias naturalmente com os ciclos de doze anos de Júpiter, mas também com os arcos cósmicos de 12 mil anos e suas Sete Eras Zodiacais.

Os Veículos dos Budas são iniciações cósmicas, porque depois que o iniciado alcança a sétima iniciação a sua energia passa a trabalhar com uma nova unidade evolutiva, que não é mais a unidade humana e sim a cósmica. Estes veículos são portanto analogias cósmicas dos graus humanos e também dos Elementos Alquímicos, assim como dos próprios alinhamentos de consciência de certa maneira, que são Personalidade, Alma e Espírito.

Cada plano cósmico possui as mesmas subdivisões setenárias, porém elas não exigem os esforços específicos que pediram na evolução do físico cósmico por serem estes mundos nirvânicos (muito embora ofereçam oportunidades análogas de experiências), porque agora o iniciado está num curso maior de evolução.

Os Planos Cósmicos são mais conhecidos por serem objetos dos Sete Caminhos Evolução Superior que podem tomar os Mestres que entram em nirvana após a sua ascensão espiritual, com exceção do Primeiro Caminho ou de Serviço Terreno que mantém o Mestre no planeta para fins de auxiliar diretamente a humanidade. Este Caminho é iniciado então pela Senda dos Bodhisatwas e depois avança para os graus propriamente búdicos, porém não entraremos em detalhes a respeito neste estudo para não prolongar em demasia o conteúdo.

Os Planos Cósmicos geralmente arrolados são em número de três, porque existem apenas três destes planos plenamente consolidados neste planeta. Todavia um quatro plano de evolução cósmica também está por se consolidar na atualidade, e os esforços de Maitreya também estão voltados nesta direção.

Cada estágio demanda um novo ciclo de renúncias e de sacrifícios, com esforços e objetivos próprios. Aquilo que faz de alguém realmente um Buda é, em última análise, a sua atitude, dentro de uma ordem coerente de realizações. Caso um Buda não renove os seus votos nestes termos, ele terá a sua condição estacionada onde está. Tudo isto é muito surpreendente e se destaca do comum, já que renúncias não são gestos comuns, menos ainda repetidamente.

Por fim, o Budismo parece bastante objetivo em retratar os Budas como Seres de Conhecimentos, uma vez que o termo “Buda” deriva diretamente do nome do planeta Mercúrio, Buddha, que é o planeta associado à mente e ao conhecimento. Com efeito termos paralelos como o sânscrito Manu apenas reforçam esta tendência pois significa “Pensador”. Os presentes estudos baseados na história de Maitreya testemunham pois diretamente nesta mesma direção. O quadro abaixo resume pois ea função de cada Buda em seu respectivo estágio ou veículo:

1. Nirmanakaya: Conhecimentos Iniciáticos

2. Sambhogakaya: Conhecimentos Universais 

3. Dharmakaya: Conhecimentos Gerais Aplicados

4. Vajrakaya: Conhecimentos Perfeitos

2. O Nirmanakaya

O chamado “Corpo de Manifestação” ou Nirmanakaya, é aquele no qual o Buda basicamente tem a sua formação espiritual por esta razão nós o equiparamos ao próprio curso evolutivo do Bodhisatwa. Tal veículo incluiria portanto as sete iniciações do Plano Físico Cósmico, a serem experimentadas idealmente entre os 20 e os 32 anos de idade, chegando assim na famosa “idade do Cristo”. A base energética deste plano cósmico são “pontos de luz”, também conhecidos como prana. Nesta etapa o iniciado acumula basicamente conhecimentos esotéricos ou de iniciação. 

Em nosso estudo anterior sobre o Bodhisatwa mencionamos a importância dos livros sobretudo na formação de Maitreya, e aqui colocaremos ênfase também na sua atividade como prolífero autor. Confirmou-se nesta etapa que sempre que Maitreya tomava conhecimento de algum grande Ensinamento, ele já demonstrava forte intimidade com os seus conteúdos, seja pelo aspecto teórico e mesmo quanto a alguma prática que ele mesmo já desenvolvera nesta e mesmo em outras vidas.

Maitreya sempre teve uma relação muito importante com os livros; na falta de mestres vivos os livros podem chegar a ser ótimos substitutos. Com efeito é possível assinalar literaturas e inclusive obras específicas que foram determinantes para as mudanças de fases da vida de Maitreya.

Depois que abandonou os estudos formais Maitreya deixou de contar com o apoio financeiro da família e quase não podia comprar livros, embora ele sempre desse um jeito de encontrar aquilo que precisava, se preciso ele até se cotizaria com amigos para fazer algumas aquisições conjuntas. 

Ainda assim a herança familiar seria determinante. O conhecimento dos Evangelhos foi fundamental para o seu grande despertar espiritual, graças a uma obra legada por sua avó religiosa.  Porém no começo da sua fase yogue de Maitreya também poderá contar com uma herança semelhante através do seu avô alemão que era um filósofo naturista, e do qual Maitreya herdaria uma biblioteca importante, tal como muito material sobre viagens. Com o apoio desta biblioteca Maitreya começar a exercitar-se nos métodos naturais de curas e de terapias, adquirindo em especial muito conhecimento sobre a prática do jejum, um recurso que se mostraria vital no enfrentamento de inúmeras enfermidades ao longo da sua existência.

De resto Maitreya sempre contava com o auxílio das bibliotecas dos ashrams onde viveu, eventualmente até mesmo enriquecendo-as com novas aquisições. Após a sua iluminação Maitreya já viveria um período de opulência econômica. Percebendo um momento de fragilidade em Maitreya, sua família decide transmitir em vida uma rica herança aos filhos, na vã esperança de que as posses fizessem Maitreya aterrissar para sempre na vida material.

Não obstante, até pelas restrições que sua saúde lhe impunha no período como sobrevivente da quarta iniciação, Maitreya não tinha maiores ambições materiais. A única área em que Maitreya via a sua vida realmente se expandir na época era em seu trabalho de hermenêutica dos Mistérios Tradicionais, de modo que não tardará a buscar formar boa biblioteca particular. Premia-o nesta direção o fato de não existir uma biblioteca espiritual e esotérica capaz de atender a dinâmica das suas pesquisas, de modo que ele trataria de criar uma.

Maitreya sabia o quanto ele devia aos livros ao longo de sua vida espiritual. E agora que ele se tornara um grande canal de sabedoria e uma fonte direta de conhecimentos, não hesitaria em investir na organização de uma grande biblioteca voltada para a espiritualidade, capaz de atender a amplitude ecumênica de suas investigações. E foi assim que, apoiado internamente por seus Mentores e externamente por sua rica biblioteca -e tudo enriquecido por sua ampla experiência esotérica-, Maitreya pode dar início ao seu trabalho como grande autor esotérico em benefício das futuras gerações.

3. O Sambhogakaya

Na sequência tem-se o veículo de compaixão ou Sambhogakaya, incluindo sumariamente as sete iniciações do Plano Astral Cósmico, a serem experimentadas idealmente entre os 32 e os 44 anos de idade, culminando assim numa idade relacionada ao ciclo do Kalpa completo. A base energética deste plano cósmico são “curvas de luz” também semelhantes a ondas. Nesta etapa o iniciado reúne saberes associados às religiões e às profecias.

A primeira categoria de Buda  propriamente dito seria aquela chamada Pratyeka, que significa "isolado" ou "avulso". Refere-se pois a um Buda que permanece aparentemente  sem ensinar, fato este que tem motivado por vezes interpretações despropositadas como aquelas de considerá-lo como uma espécie de “Buda egoísta”, como se fosse possível reunir esta duas palavras numa só frase.  E se um Pratyeka foi antes necessariamente um espírito tão compassivo como é o do Bodhisatwa, é óbvio que a evolução seguinte deste não poderia torná-lo em algum “egoísta”…

Esta é pois uma oportunidade para começar a desvendar este instigante mistério da tradição budista e universal. Se tivermos em conta que esta fase sucede as crises das primeiras iluminações do iniciado que culminam na condição de Bodhisatwa, vemos que o isolamento do Buda faz todo o sentido. Depois de sua ressurreição Jesus desapareceu de cena, e ninguém sabe realmente o que aconteceu então. De fato ele realizou um retiro obrigatório em função das sequelas da própria crucificação, mas seguiu reunindo informações esotéricas e orientando alguns poucos discípulos nos bastidores da História, como uma das expressões do Governo Oculto do Mundo.

A sina do Buda Pratyeka é portanto muito semelhante ao mito de Prometeu onde o herói termina afixado a uma rocha enquanto uma águia perfura o seu fígado, como penalidade por trazer o conhecimento sagrado para a humanidade. A rocha é a própria terra ou a materialidade e a águia significa o agudo sofrimento emocional que também acompanha o processo expiatório. Nada disto é portanto exatamente voluntário e sim consentido. A imagem de um Buda isolado ou mesmo alienado está diametralmente distante dos fatos. O Buda necessita ter a mais rica e diversificada experiência para ser capaz de ser útil para a humanidade.

O Buda necessita enfrentar tais padecimentos para saldar ou atenuar o carma planetário, de modo que seja permitido trazer luz sobre os caminhos futuros da humanidade. Podemos dizer que a humanidade não está preparada para a evolução, por causa da densidade da atmosfera do planeta, porém a espiritualidade trata de abrir os seus caminhos suscitando mensageiros compassivos da sabedoria eterna.

O Buda Isolado traduz pois um momento o crítico da evolução de um Buda onde ele vive uma transição desde a restrita posição de um Bodhisatwa e a posterior liberdade de um Buda plenamente iluminado ou samyak-saṃbuddha. O Pratyeka representa pois um Buda mais recolhido ou convalescente, dedicado aos seus esforços de auto-recuperação, mas exercendo também atividades de registro e de comunicação dentro dos limites que as circunstâncias lhe impõem. 

Mesmo sem ensinar formalmente o Pratyeka está colocando as bases de um grande conhecimento universal, pois para ensinar é preciso antes de tudo aprender. Naturalmente nunca se trata de assimilar informações comuns e sim de grandes processos inovadores de revelação dos mais profundos mistérios universais.

Na vida de Maitreya algo semelhante também acontecerá. Esta foi a fase em que ele organiza a base ecumênica dos seus trabalhos, com grande produção esotérica, colocando uma nova base para a renovação das religiões a partir da codificação do Pramantha Universal, os códigos iniciáticos fundamentais das raças, superando assim as bases astrológicas antes estabelecidas enquanto Bodhisatwa. E dentre as várias doutrinas assim elaboradas, destaca-se pois um Novo Dharma que Maitreya associou ao arco-íris através da ideia do equilíbrio dos opostos, como caminho objetivo para a realização da Suprema Verdade cósmica da Felicidade universal. Maitreya posiciona-se assim como um Buda positivo, em contraste com a postura negativa de Gautama focada na dor, a qual certamente não está equivocada porém pertence a um outro ciclo do mundo. Maitreya deu o nome deste Dharma de Tushita em homenagem ao paraíso dos Budas.

Assim um Buda pode produzir muito em sua etapa Sambhogakaya, apesar das restrições quanto a maiores manifestações exteriores. Ocorreria assim do Pratyeka ser uma espécie de Buda de Bastidores. Como ele não alcança um grau externo ou físico de manifestação social, tampouco manifestaria alguma missão histórica notória. Eventualmente o Pratyeka se manifesta em complemento de outra missão, como extensão do trabalho do Bodhisatwa ou como preparação da manifestação de outras categorias de Budas.

Maitreya pouco viajará nesta fase de sua vida, estando mais ocupando com suas próprias curas. Poderíamos ter um bom exemplo dos acontecimentos desta etapa através dos dramas de Osíris. Após o seu assassinato e sepultamento temos a intervenção da maga Ísis e eventualmente de sua irmã Néftis. Osíris achava-se então num esforço de recuperação pessoal, isto é, de plena ressurreição, mas que não deve confundido com alguma iniciação que possa receber este nome. Para facilitar o processo a espiritualidade envia-lhe então uma iniciada de grande pureza e poder espiritual, que no Budismo corresponderia a uma Tara Branca. Sabemos que deste relacionamento também nascerá um filho importante que é Hórus, base das futuras dinastias solares do Egito. 

De modo que Maitreya aqui também criaria uma nova família, fruto da aproximação de uma Tara Branca. Porém como quase tudo na vida de um Buda é dinâmico e transitório, ele também logo amargaria mais uma separação com todas as suas dolorosas consequências, e que seriam o prenúncio de uma nova fase de grandes crises e de renúncias do Novo Buda.

4. O Dharmakaya

A terceira etapa de Dharmakaya ou Corpo de Conhecimento inclui as sete iniciações do Plano Mental Cósmico, a serem conhecidas idealmente entre os 44 e os 56 anos de idade, alcançando o segundo retorno de Saturno. A base energética deste plano cósmico são “triângulos de luz” que também atuam como raios. Nesta etapa o iniciado reúne as informações superiores relacionadas aos novos modelos de Civilização. Ora, vimos no estudo sobre a Jornada o Bodhisatwa a grande revolução energética que representa a síntese triangular, a ser colhida especialmente no grau seguinte de iluminação verdadeira.

A categoria búdica que corresponde a este estágio seria aquela de Manushi ou Buda Humano, que é aquela que alcançara o Buda Gautama. A proximidade com o termo Manu é evidente, aquele que cuida das coisas da Civilização na filosofia hindu.

Nesta fase Maitreya começa a observar que, apesar de todos os avanços que obtivera em termos esotéricos, o seu amplo conhecimento ainda tem limites e é imperfeito para fins de alcançar as pessoas de uma forma mais ampla. Em especial considerava que a sua astrologia mantinha-se ainda numa esfera excessivamente teórica, estática e relacionada ao passado.  

E como quase tudo na vida de um Buda é dinâmico e transitório, ele também amargaria nesta etapa mais uma separação familiar com todas as suas dolorosas consequências, e que seriam o prenúncio de uma nova fase de grandes crises e de renúncias do Novo Buda. 

Insatisfeito com tudo isto, decide-se então por um novo recomeço espiritual. Com esta finalidade, decide então abdicar de todo o seu patrimônio material, como sacrifício pessoal para receber as informações que necessitava. Através desta nova renúncia, Maitreya renova os seus votos em grande estilo e avança para além do patamar búdico estabelecido por Gautama, abrindo assim um novo campo de evolução racial para a humanidade.

Logo começa a viajar a esmo como gesto de auto-abandono à providência, e nisto não tardará a alcançar aquilo que almejava, obtendo as bases para uma visão efetiva da evolução orgânica da humanidade e da formação da nova raça-raiz. E assim Maitreya pode compreender o passo a passo da evolução e vislumbrar a chegada da futura Idade de Ouro.

Com isto sente-se premido a buscar as regiões que esta revelação estava a indicar, porém agora estava sem recursos. O único bem que lhe restava era a sua enorme biblioteca especializada, organizada ao longo de décadas, que era uma grande fonte de orgulho para Maitreya, o qual porém não hesitou em tratar de vendê-la para obter recursos e poder começar esta nova etapa de vida. O conhecimento estava afinal agora já amplamente incorporado nele, inclusive em termos de erudição universal, sendo perfeitamente capaz de seguir doravante o seu grande processo de criação sem o acesso aos seus livros. 

Tudo isto culminaria pois na formulação de um novo modelo de civilização, obra característica dos Manu raciais, trazendo luz sobre a Civilização Cósmica do futuro da humanidade. Com tais atitudes Maitreya renova vertiginosamente toda a sua trajetória e avança também sobre a evolução espiritual histórica determinada pelos Budas anteriores. 

Aqui devemos lembrar não obstante, que o Buda Gautama sentiu-se em dúvida a certa altura sobre a aceitação do seus ensinamentos. Brahma então interviu estimulando-o a insistir, e na prática Brahma simboliza aqui a importância de outorgar uma dimensão social à sua obra. Deriva daí pois a conhecida crítica que o budismo exerceu sobre o antigo sistema de castas da Índia. Em nosso estudo anterior concluímos sugerindo que, se o Bodhisatwa tem o domínio da religião, o Buda já terá o domínio da Civilização como um todo. Acontece que a conquista da própria alma representa o portal de acesso para a Civilização nos elevados moldes previstos pelas Hierarquias.

O Buda Gautama também é famoso como um grande renunciante. Mas aqui fica a pergunta: ele renunciou apenas ao que ainda teria, ou igualmente àquilo que já tinha? Quiçá ambas as coisas, por detrás de relatos abreviados e mais ou menos simbólicos. A narrativa corrente do despertar de Gautama haver ocorrido apenas aos trintas anos de idade não soa coerente e pode refletir versões adulteradas; felizmente também há versões corretas embora menos conhecidas, que colocam adequadamente este fato como sucedido aos dezoito anos de idade.

As distorções e as simplificações que sofrem as biografias divinas podem refletir tanto a confusão dos biógrafos e analistas diante de fatos análogos que podem repetir-se, quanto a necessidade de apresentar ao público algo mais breve e também mais aceitável.

5. O Vajrakaya

Seguramente todo este processo pode prosseguir, porém em termos cada vez mais raros e elevados. A condição anterior encerra a maioria das abordagens sobre os veículos do Buda. Porém outras visões afirmam que em seguida amadurece o veículo cristalino ou Vajrakaya, associado às iniciações do Plano Búdico cósmico, a serem conhecidas idealmente entre os 56 e os 68 anos de idade. A base energética deste plano cósmico são “cruzes de luz”. Nesta etapa o iniciado reúne saberes associados ao perfeito conhecimento dos calendários cósmicos e das energias divinas.

 A categoria búdica que corresponde a este estágio seria aquela de Dhyani Buda, ou Buda de Meditação, que é aquela que alcançara o Avatar Krishma. Os Budas Dhyani estão relacionados à mandalas e, portanto, a sínteses abrangentes. Neste estágio Maitreya aprimora assim o seu conhecimento das mandalas cósmicas e prepara a grande síntese dos seus conhecimentos, alcança então completar a sua organização do Relógio Cósmico, permitindo acessar o completo cânone esotérico da cosmologia tradicional, para organizar em definitivo as “enciclopédias” esotéricas que iluminarão os caminhos futuros da humanidade. Nesta etapa Maitreya também se capacita a liderar ativamente a humanidade nos caminhos do seu futuro racial e planetário, manifestando assim o Manu mundial.

No curso dos seus anos de esforços de autocura, Maitreya desenvolvera os mais eficientes métodos de cura espiritual. E agora visando uma cura mais ampla e completa, trataria de mergulhar em definitivo na consciência cósmica, fonte de todo bem e saúde integral.

O Plano Búdico Cósmico tem sido alcançado unicamente por Sanat Kumara, que está atualmente consumando o seu ciclo de iniciações divinas. Este quadro está limitado ao estágio atual da evolução humana que é a Quarta Ronda de Evolução de que fala a Doutrina Secreta, e que encontra-se portanto no seu final, trazendo a aproximação da Quinta Ronda e consigo a missão de um Quinto Kumara ou um novo Adi Buda ou Buda Primordial. 

Este final de Ronda oportuniza também um importante alinhamento de ciclos, em termos de Era, Raça e Ronda, mas também neste caso de Sistema Solar posto que a nova Ronda representa um Pralaya ou início de Ano Cósmico. 

Em tese estes fatos trariam vários avatares para reger estes ciclos, podendo porém algum avatar também acumular missões, a depender de até onde ele poderá avançar nas suas iniciações cósmicas nesta altura. Por isto existem imagens de avatares com várias faces, como é o caso de Vaikuntha que é uma encarnação suprema de Vishnu, sendo Vaikuntha também o nome do paraíso de Vishnu.

6. Conclusões 

Amplo e diversificado resulta pois o trabalho dos Budas em favor da humanidade. Cada estágio búdico é como uma grande escola de vida, seja em termos de esoterismo, de psicologia, de sociologia ou de astrologia, e tudo sempre muito entrelaçado mas cada coisa também servindo como base para a seguinte. Os conhecimentos dos Budas são invariavelmente muito perfeitos, completos, objetivos e tradicionais.

Podemos resumir então estes quatro estágios das Atividades dos Budas nos seguintes termos:

1. Nimanakaya: Infusão de energias no planeta

2. Sambhogakaya: Queima do carma da humanidade

3. Sambhogakaya: Criação de doutrinas sócio-espirituais

4. Vajrakaya: Guiança ativa na transformação global 

Poderíamos ir adiante nos corpos do Buda? Algumas fontes budistas mencionam também o veículo Svabhāvikakaya que é frequentemente chamado de "cósmico” ou “corpo de quintessência”, que embora para alguns poderia ser apenas uma variante do quarto veículo. A proximidade da quinta ronda de evolução poderia começar a permitir porém um novo degrau cósmico para a evolução da espécie humana. De todo modo por uma simples questão de efemérides devemos nos limitar pelo momento a avaliar de fato apenas o quarto estágio, esperando que o presente estudo possa ter trazido novas luzes sobre estes instigantes mistérios maiores das realizações espirituais da humanidade.


Para saber mais

A Lenda do Kalki Avatar

Kalki e Padma - um encontro cósmico

Maitreya e o Xamanismo

A Missão de Maitreya - a revelação

A Iluminação da Maitreya

Maitreya e a experiência Serpentina

Maitreya - a Jornada do Bodhisatwa

Veja também 

A aristocracia cósmica de Maitreya

A vinda do Avatar segundo a Teosofia e a Tradição Cíclica

Tushita: O Reino da Felicidade


Sobre o Autor

Luís A. W. Salvi (LAWS) é estudioso dos Mistérios Antigos há mais de 50 anos. Especialista nas Filosofias do Tempo e no Esoterismo Prático, desenvolve trabalhos também nas áreas do Perenialismo, da Psicologia Profunda, da Antropologia Esotérica, da Sociologia Holística e outros. Tem publicado já dezenas de obras pelo Editorial Agartha, além de manter o Canal Agartha wTV 


Maitreya - a jornada do Bodhisatwa

 Assista também a este conteúdo resumido em Vídeo

A formação do Bodhisatwa é aquela no qual o Iniciado realiza as suas primeiras renúncias e manifesta as suas iniciações correntes mais ou menos da forma como o assunto é abordado pelas Escolas de Iniciação, culminando na sua iluminação ou nas primeiras iluminações da Tríade Superior.

Não raramente ouvimos dizer que a existência de um Avatar personifica um arquétipo de perfeição. O que significa porém exatamente isto? As tendências materialistas facilmente levam a projetar o Avatar num belíssimo corpo físico e dotado de uma saúde radiante. Nada disto está muito longe da realidade, porém o mais importante são coisas mais sutis. O verdadeiro objetivo dos yogas físicos não é alcançar boa saúde, mas servir para acessar as verdadeiras energias espirituais.

Existem pois alinhamentos pessoais com os arquétipos cósmicos e acima de tudo verifica-se um padrão evolutivo ideal, permitindo o máximo de aproveitamento das experiências e o maior desenvolvimento possível das energias pessoais. Neste aspecto, os estágios de evolução do avatar também refletem com perfeição as etapas evolutivas da própria humanidade, nesta ordem: xamanismo, espiritualidade e cosmificação. 

No presente estudo trataremos pois da etapa propriamente espiritual do novo Buda, em relação às suas iniciações planetárias e solares. Já não entraremos porém em maiores detalhes a respeito das iniciações de Maitreya, porque tudo isto tem sido tratado em outros estudos nossos, inclusive nos termos das etapas-de-vida na sociedade védica. Trazemos aqui portanto uma abordagem mais geral do trabalho e da natureza dos Bodhisatwas. E teremos a oportunidade de observar que muitas das ações atribuídas ao Buda na realidade foram efetuadas ainda sob a sua condição de Bodhisatwa.

1. A natureza do Bodhisatwa

Até onde pode ir um iniciado em sua evolução espiritual?! A resposta a isto depende de dois aspectos: de um lado o teor de suas próprias aspirações, e de outro lado as possibilidades e as demandas que o seu tempo lhe apresenta. É isto que destaca em última análise o Bodhisatwa dos iniciados comuns.

O Bodhisatwa é basicamente um Adepto aperfeiçoado e com grande sentido de compaixão. As condições para alguém chegar até a condição de Adepto são bem definidas, estando basicamente determinadas pela capacidade de superar o umbral da quarta iniciação, o qual geralmente traz a morte física para os seus postulantes. As possibilidades de alguém sobreviver para ir ainda além disto já dependerão basicamente das circunstâncias históricas, quer dizer, da necessidade de surgir um Avatar no mundo, sinalizando alguma transição importante de tempos.

E para isto será preciso realizar um perfeito aproveitamento do seu tempo vital, sinalizado por renúncias precoces à vida mundana. O Bodhisatwa é aquele que se prepara assim não apenas para a sua iluminação, mas também para a plena superação da crise da iluminação…

Graças a sua determinação Maitreya galgou todas as iniciações no seu tempo mínimo possível. Sua aspiração era tão forte que por vezes era obrigado a ter paciência para não forçar perigosamente as energias. Então ele também teve que ser paciente e aprender a “apressar-se lentamente” como pediam os ensinamentos. A fim de agilizar os seus processos espirituais, Maitreya foi viver em ashrams assim que teve o seu despertar espiritual, e após certo tempo também saiu deles para atuar no mundo porque as virtudes dos ashrams já estavam solidamente incorporadas nele.

Não é casual que a iluminação dos grandes Mestres aconteça aos trinta anos de idade como testemunhariam várias biografias avatáricas, e que esta idade se relacione ao apogeu da condição biológica humana. Mesmo assim não estaríamos falando de uma condição mais ou menos comum, mas de iniciados que tem realizado já treinamentos consistentes nos chamados três planos de esforços humanos que são o físico, o emocional e o mental. Portanto as tradições primitivas de que os sacrificados devem receber o melhor tratamento antes da sua execução possuem uma base simbólica consistente.

O Bodhisatwa é conhecido como sendo um renunciante por excelência. Aquilo que torna alguém um Bodhisatwa, não é portanto nenhum simples voto simbólico, e sim atitudes bem definidas de renúncia, de consagração e de dedicação ao caminho espiritual. É isto que permite no final das contas um perfeito aproveitamento do tempo para que o aspirante possa alcançar a sua iluminação sob os marcos mais adequados de tempo.

O processo de avatarização acontece na existência dos Grandes Iniciados aos 33 anos de idade, chegando assim na famosa “idade do Cristo”, após 12 anos de esforços. O Arcano 12 do Enforcado pode ser servir de referência para o ciclo de 12 anos de evolução do Bodhisatwa. Os tratados orientais afirmam que Maitreya “alcançará bodhi (iluminação) em sete dias (que seria o período mínimo), em virtude de suas muitas vidas de preparação para o budaísmo semelhantes às relatadas nos contos de Jataka.” Estes “sete dias” devem ser entendidos como sete anos, e isto seria viável também sob certa abordagem.

A cronologia destas iniciações pode ser dividida de diferentes maneiras. Parte do processo pode empregar o símbolo da Tetrakys pitagórica, cujos quatro níveis preparam a iluminação na quarta iniciação, através da compressão do tempo-energia numa espiral piramidal, que corresponde espiritualmente ao aprimoramento e ao avanço das técnicas esotéricas empregadas. 

A Tetrakys possui apenas dez elementos (através da fórmula 4-3-2-1 nesta ordem) que no caso serão dez anos de esforços, porém os outros dois correspondem a etapas ou energias de transição como demonstra a Doutrina do Manvantara.  Não muito diferente sucede com a Árvore Sefirótica da Cabala, com suas sefirots ocultas. Este padrão também está respaldado pela geometria sagrada do triângulo ou do valor três do Triângulo de Pitágoras e do tetraedro, na fórmula 3x4. 

O cerne da Missão do Bodhisatwa é a sua crucificação espiritual, servindo para saldar o carma da humanidade, que é a chamada “expiação dos pecados da humanidade”. O Bodhisatwa não sofre por si mesmo, ele enfrenta o carma coletivo para avançar sobre os limites humanos e abrir caminhos futuros. Parece pouco compreendido neste caso, que aquele que realmente se ilumina não é tanto o Buda em si, e sim o próprio Bodhisatwa. A condição de Buda é apenas um aperfeiçoamento das virtudes capitais do Bodhisatwa.

Após sobreviver às provações da iluminação, um Grande Iniciado seguirá avançando para as iniciações superiores, até alcançar a condição de Bodhisatwa aos 33 anos de idade, quando Maitreya resgatou as conquistas espirituais de sua encarnação anterior como Jesus. 

Neste percurso todo, ele pode desenvolver o completo passo a passo das técnicas da iniciação e logo da própria iluminação, com seus acabamentos como Adepto, Chohan e finalmente como Bodhisatwa, pela manifestação súbita de imensos conhecimentos perfeitos frutos de uma clarividência superior. Com tudo isto ele adquire um exímio conhecimento iniciático e restaura os verdadeiros cânones da Iniciação, compreendendo também a natureza dos passos seguintes da evolução humana e planetária. 

A biografia de Jesus coloca em destaque as duas idades finais deste ciclo que são 30 anos e 33 anos. Os biógrafos da época não sabiam na realidade o significado esotérico dessas datas, e fizeram suas próprias interpretações. 30 anos é a idade tradicional da crucificação, ou da quarta iniciação, ocorrida sob a Revolução de Saturno, e 33 anos é o momento em que o iniciado alcança a sua sétima iniciação, que corresponde à condição de Bodhisatwa que foi aquela que Jesus alcançou em sua encarnação palestina como vimos. Naturalmente este intervalo corresponde aos três dias simbólicos de sepultara que a biografia de Jesus também descreve.

Porém agora Maitreya vem dar continuidade a esta história divina, visando alcançar uma condição búdica. E com isto os desafios e as provações naturalmente também se renovarão, até onde Maitreya puder e desejar avançar.

2. A salvação das Almas

A Jornada Espiritual de um Buda pode ser precedida por grandes provações, como temos demonstrado em outros estudos, e que comparamos a autênticas experiências xamânicas de preparação e fortalecimento do espírito do candidato às Altas Iniciações. As iniciações verdadeiras também serão anunciadas e preparadas pelo despertar de uma grande vocação espiritual.

Assim, após ter seu grande despertar espiritual na aurora da vida adulta, Maitreya começará as suas iniciações, que poderiam são também associadas aos ashramas que são as etapas de vida da sociedade védica, apesar destas categorias também poderem se expressar noutras fases da vida.

A condição do Bodhisatwa coroa a jornada espiritual de sete iniciações do presente Sistema Solar, também chamado Plano Físico Cósmico no esoterismo. Portanto eles ainda integram as coisas deste nosso universo espiritual. 

Neste sentido, sabe-se que o trabalho do Bodhisatwa está relacionado à salvação das almas nos mundos do samsara. Tal coisa poderia ser relacionada às próprias iniciações sucessivas do Bodhisatwa, quando atravessa ele mesmo evoluções relacionadas a todos estes mundos, a saber:

1º grau: Infernos 

2º grau: Seres Famintos

3º grau: Animais

4º grau: Humanos 

5º grau: Guerreiros

6º grau: Paraíso

É impossível ignorar afinal de contas, que a estrutura onde o Bodhisatwa desenvolve a sua missão principal é idêntica aquela através da qual ele alcança a sua condição setenária, e neste caso o sétimo mundo seria o próprio mundo dos Bodhisatwas ou o paraíso Tushita. De certa forma o Bodhisatwa emerge assim como o núcleo de uma roda, talvez apenas menos poderosa que a dos Budas verdadeiros que reúnem mais energias e alcançam as massas de uma forma mais pronunciada.

Por haver atravessado todos estes degraus e jamais haver se aferrado a nenhum deles, o Bodhisatwa pode se comunicar com os seres que estão a eles presos na ilusão de se tratar o lugar onde se encontram alguma realidade definitiva e verdadeira.

Entre os mitos mais característicos do Bodhisatwa está o de Osíris que, além de retratar toda uma dinâmica de sacrifício e ressurreição, não obstante o seu destino vê-se limitado a manifestar a condição de Deus dos Mortos, quer dizer: o deus das Almas, ou mesmo aqueles que estão libertos das ilusões. O Bodhisatwa é responsável por habilitar o destino comum da humanidade segundo os seus méritos próprios, sendo portanto um deus salvador, muito semelhante portanto ao papel de Jesus Cristo.

Não casualmente neste contexto existe pois o tema do Juízo dos Mortos, da salvação das almas, dos infernos e do purgatório. Importa saber que tais questões apenas são tratadas com idoneidade neste contexto de Bodhisatwa por ser a ele inerente e natural; o místico comum e menos ainda o leigo, não possui a experiência completa dos mundos divinos e infernais para poder avaliar adequadamente tais realidades. 

A missão fundamental dos Bodhisatwas é portanto aquela de salvar as Almas, quer dizer; despertar as consciência, recolocando a humanidade nos caminhos corretos da religião e da espiritualidade. E para isto os verdadeiros caminhos de salvação necessitam ser ensinados, o que requer também o saneamento das falsas ideias sobre religião e espiritualidade. O Budismo identifica aqui seis reinos onde o Bodhisatwa deve atuar para remover estas ilusões, como vimos: o do inferno, dos fantasmas famintos, das bestas, de titãs ou asuras, dos humanos e o reino dos deuses.

Em primeiro lugar cabe observar que para exercer todo este trabalho o Bodhisatwa necessita transitar pessoal e soberanamente por todos estes reinos. Em sua ilusão e vaidade os habitantes destes reinos até julgam que o Bodhisatwa é também um habitante dos seus reinos por estar ele ali, quando na verdade a sua presença é meramente providencial e compassiva. Facilmente eles o rechaçariam ao identificar esta condição, como de fato muitas vezes acontece. Cada um destes reinos está caracterizado por paixões, apegos, ilusões e aversões, inclusive religiosos em alguns casos.

Porém o mais importante desta situação é que o Bodhisatwa não tem preconceitos, da mesma forma como Jesus conviveu com toda espécie de ser humano que aceitasse a sua presença. Por isto ele pode transitar livremente por todos os mundos, enquanto os habitantes destes reinos estavam como que presos a eles, em função de suas próprias ilusões, apegos e aversões.

Um leigo pode ser perfeitamente iludido pelas virtudes dos iogues, dos místicos e dos iniciados -o que certamente ajuda bastante para que estes decidam muitas vezes deter-se a comprazer plateias com seus dons. Um hatha-iogue pode realizar proezas imensas de controle do seu corpo físico. Um místico experiente é capaz de exalar atmosferas verdadeiramente celestiais. Um iniciado verdadeiro pode imantar plateias com seus conhecimentos profundos e carisma pessoal. E no entanto para um Bodhisatwa -que conhece perfeitamente as sombras comuns a estes degraus nas formas de luxúria, vaidade e arrogância, semelhante aos Três Venenos da mente de que fala o Budismo-, tudo isto ainda são simples estágios e quem se apega a tais conquistas estará limitando a própria evolução. Provavelmente a raiz desta doutrina está na famosa parábola sobre o Buda e os Sete Cegos.

Aos reinos superiores é ensinada então a necessidade de perseverar no dharma para que seus habitantes não decaiam e possam ao menos renascer em condições semelhantes ou melhores. E aos reinos inferiores é ensinada a importância de cultivar as virtudes para renascer em condições cada vez melhores. E a todos é sugerida que a Verdade está além de todo os reinos manifestos porque ela é a própria Liberdade.

3. Uma visão social

Não seria difícil associar estes seis reinos do Budismo a classes sociais, já que em certos casos as semelhanças são mesmo gritantes -ainda que uma abordagem social mais específica já possa remeter aos trabalhos dos Budas superiores e do Manus raciais. 

Partindo dos reinos superiores, o mundo dos deuses relaciona-se naturalmente aos sacerdotes e aos espiritualistas mais refinados; o mundo dos semideuses belicosos é a própria consciência da casta guerreira ou aristocrática, e o mundo dos seres humanos corresponde à chamada burguesia geralmente voltada ao comércio. Até aqui não parece haver muitos problemas, porém nos outros três reinos inferiores este tipo de análise torna-se bastante sensível. Na sequência teríamos o mundo dos animais, cuja associação seria com os proletários ou servidores; para tudo culminar com o mundo dos fantasmas famintos e o mundo dos Infernos, significando subcastas de párias ou proscritos relacionados a camadas muito carentes e até mesmo marginalizadas das sociedades.

Não deixa de ser curioso que os “animais” acham-se em situação melhor do que os fantasmas famintos e os seres infernais, sugerindo o quanto tudo isto contém de alegórico e, eventualmente também de distorções. Nas castas hindus os sudras não estão com efeito incluídos entre o “duas vezes-nascidos, talvez por se considerar que seus hábitos sejam algo “animalizados”.

Com efeito os “animais” como que destoam de um quadro que soa de resto completamente humano, mesmo no caso dos últimos reinos desgraçados. Por isto devemos tentar algumas pistas para pensar em setores da sociedade que, desde certo olhar exterior, poderiam comportar-se como animais porque vivem quase exclusivamente para satisfazer os seus instintos carnais, ou como zumbis famélicos porque só vivem para comer e finalmente como demônios porque se comprazem em fazer o mal e infringir as leis.

É certo que estas categorias sociais acham-se entre as mais oprimidas e injustiçadas. Acontece que as pessoais mais revoltadas com sua situação social imaginam frequentemente que elas nada tem a oferecer para o avanço das coisas, devendo apenas lutar para conquistar bons lugares como as classes melhor posicionadas. Porém tudo isto não passa de uma grande ilusão. Classes sociais de base econômica não são uma instituição que mereça ser mantida por si só. A verdadeira estrutura social deve ter bases espirituais e culturais.

Os Budas sempre trabalham para recuperar o verdadeiro significado espiritual das castas védicas, como parte importante de sua restauração do Dharma universal. Tratam-se tradicionalmente de classes culturais, e que na visão original remontam à primazia dos ashramas ou etapas-de-vida tradicionais, começando pela fase de estudante casto ou Brahmacharya internado num ashram ou centro espiritual donde a ênfase nos mosteiros pelo Budismo.

O Bodhisatwa instrui então todas estas categorias de muitas maneiras, mas é sobretudo pelo próprio exemplo que ele assinala os caminhos de libertação para todos os seres humanos. O Bodhisatwa é plenamente livre para estar onde ele quiser, acontece porém que ele transita pelos reinos para adquirir as informações necessárias mas não se apega a nenhum lugar. A sua jornada cósmica é infinita, por assim dizer, porque a sua aspiração íntima é desta mesma natureza. 

O Bodhisatwa tem em si todas as naturezas porque jamais se apegou a nenhuma e foi capaz assim de agregar sempre novas dimensões. A integridade dos Ensinamentos dos grandes Mestres deriva justamente desta universalidade. A jornada do Bodhisatwa é o caminho de um especialista completamente consagrado, capaz de renunciar não apenas ao mundo como também aos frutos de suas conquistas espirituais, a fim de prosseguir até alcançar os mais elevados propósitos.

Um Mestre possui o pragmatismo do proletário, o idealismo do burguês, a coragem do guerreiro e a pureza do sacerdote, além de conhecer intimamente também as penúrias dos perseguidos e dos injustiçados. Um Mestre autêntico não faz distinções e não olha para as aparências. Eis que Maitreya alcançou a excelência em cada uma de suas iniciações, como se fossem doutorados e pós-graduações em diferentes faculdades, orientado pelas mais Altas Esferas espirituais, e inclusive organizando com o passar dos anos grandes bibliotecas especializadas a fim de alcançar estes nobres propósitos.* Contudo ele jamais se deteve para colher os louros das suas conquistas.

O Bodhisatwa encontra então muitas situações para se aproximar destes reinos a partir de suas renúncias e das suas experiências e esforços espirituais, seja no decurso das suas preparações como depois de sua iluminação. O Bodhisatwa é conhecido como o renunciante por excelência, condição esta para iluminar-se sem tardança e se tornar oportunamente um Buda.

Naturalmente o Bodhisatwa também comporta elementos de identificação parcial com todos estes grupos, quiçá especialmente em seu período de preparação. Como renunciante ele é como um sacerdote sem templo, um nobre sem palácio e um burguês sem mercado. Mas também padece de todas as carências dos incompreendidos, dos desprovidos e dos marginalizados. Graças a toda esta complexidade de vida é que o iniciado poderá se tornar um Bodhisatwa, como alguém dotado com uma experiência de vida universal.

4. Cultivando Bodhicitta

O Bodhisatwa por excelência chama-se Avalokiteshwara, “aquele que olha por todos”, o que difere em muito do místico comum voltado para as suas próprias agremiações e castas. Por fim, é nesta mesma linha, em seu simbolismo maior de plenamente iluminado ele é apresentado como Lokeswara, aquele que tem mil mãos para auxiliar a humanidade.

O mistério do Duplo-Chenrezig (que é o nome tibetano do Bodhisatwa Avalokiteshwara) ilustra justamente esta transição entre as iniciações humanas e as iluminações hierárquicas. Até a terceira iniciação o aspirante evolui linearmente, por assim dizer, dentro dos chamados “Três Mundos de Esforços Humanos”. O Chenrezig sentado ou contemplativo ilustra esta fase de trabalhos preliminares. 

O pronunciado espírito de serviço e de renúncia movido pela compaixão (simbolizado pelo lótus na mão esquerda de Chenrezig) e a prontidão geradora de um timing adequado de evolução (simbolizado pelo japamala na mão direita de Chenrezig), é que permitem ao aspirante encarnar inicialmente o arquétipo do Bodhisatwa, sob a manifestação do ritmo tântrico dual que nutre as correntes de Kundalini, ou do perfeito equilíbrio dialético simbolizado pela jóia no lótus (que é a bodhicita ou mente compassiva, uma realidade com importantes dimensões esotéricas ou ocultistas também) que constitui o mantra da iluminação (representado pelo coração-de-cristal abrigado pelas mãos centrais de Chenrezig).

Porém na terceira iniciação acontece uma mágica porque um circuito energético fecha-se, simbolizado no fato do triângulo ser a primeira forma constituída do Universo. A partir dali começam então os alinhamentos tríplices que resultam em iluminações. O Chenrezig ereto ou Lokeswara demonstra este quadro, pois suas onze cabeças são como chakras. Tal como na Árvore Sefirótica da Cabala, existem três triângulos em alusão às iniciações hierárquicas da Tríade Superior, para tudo culminar na última esfera alusiva à sétima iniciação de Bodhisatwa, que é uma transição entre a esfera hierárquica (também denominará siríaca) e a esfera propriamente búdica ou divina.

 Observe que até mesmo a misteriosa esfera Daath está representada no tema budista através da imagem de uma cabeça intermediária negra de Heruka para indicar o conhecimento oculto.

5. A expiação dos pecados 

O Bodhisatwa é ele mesmo o símbolo do “morto” para esta vida apesar de nela se encontrar. E tal coisa também transparece nos padecimentos a que se sujeita em prol da expiação dos pecados da humanidade. 


Neste sentido, o simbolismo (realista) do Buda deitado representa uma das poses mais conhecidas de Buda na arte budista. Tal imagem também é conhecido como Buda Reclinado ou Nirvana Buda, representando convencionalmente o Buda histórico nos seus últimos momentos de vida. No entanto, à luz das religiões comparadas, podemos descobrir que o significado desta postura do Buda pode ser muito mais rica do que se imagina comumente, outorgando novos e maiores sentidos ao tema.

Com efeito permite até mesmo precisar certos conceitos. O vínculo entre a morte e a iluminação representa um adendo algo artificial da hermenêutica budista. A imagem do Buda prostrado deveria ser mais evocativa -e apenas para tomar aqui um êmulo histórico- da sepultura transitória de Jesus até a sua ressurreição. 

Outra imagem muito eloquente para esta situação seria aquela de Odin dependurado da árvore de iluminação e registrando as Runas sagradas, algo que confronta diretamente a falácia de que os avatares não escrevem. Com efeito escrever se torna praticamente a única forma de comunicação dos Mestres nesta fase inicial de revelações a que tem acesso. A famosa lápide maia de Pacal Votan ilustra novamente o quadro de um iniciado afixado em sua Árvore de Iluminação, tal como se afirma igualmente suceder a todos os Budas, e que corresponde da mesma forma a uma Câmara de Registros. A própria lápide de Pacal representa uma poderosa síntese destes registros sagrados, contendo elementos simbólicos sobre as energias divinas e muitas datações calendáricas. Naturalmente cada cultura desenvolve a sua própria forma de registro de informações sagradas e fundacionais.

6. Religião & Astrologia

Maitreya é hoje conhecido como o grande residente no céu de Tushita em sua condição de Bodhisatwa à espera de sua próxima encarnação como Buda. Na sua última encarnação ele teria sido Jesus Cristo -ver sobre isto em nosso estudo intitulado “A Missão de Maitreya -  a Revelação”- , regente espiritual da Era de Peixes, posto que as Eras astrológicas são ciclos regidos pelos Bodhisatwas.

Em termos astrológicos a missão do Bodhisatwa está relacionada à reger as Eras astrológicas. Considerando o caráter psíquico do zodíaco, o trabalho do dharma deve ser libertar o mundo das ilusões zodiacais. Na prática este quadro corresponde à formação das religiões, daí o simbolismo astrológico comum nas religiões do mundo.

A energia psíquica dominante pode ser considerada então uma força destrutiva que carrega a humanidade no seu bojo para alguma direção caótica. A missão do Bodhisatwa é identificar precocemente esta tendência e propor fórmulas para a humanidade conseguir contorná-las através da criação de egrégoras positivas capazes de transformar o caos em ordem.

O caminho para isto é basicamente aquele de prover o equilíbrio das correntes. Assim na Era de Áries regida pelo Elemento Fogo, o Avatar demonstrou a necessidade das pessoas lutarem também contra os próprios impulsos internos e não somente contra o suposto adversário exterior. E em seguida, na Era de Peixes regida pelo Elemento Água, o Messias ensinou que as pessoas não deveriam entregar-se meramente à contemplação e à displicência, sem limitar-se pois à fé e à esperança, mas tratando de organizar o mundo com justiça e caridade. Tal como na Era de Aquário que agora começa com seu Elemento Ar, as pessoas serão orientadas no sentido de selecionar as informações e cuidar de suas mentes para não serem manipuladas pelos meios de comunicação de massas. O conhecimento deverá ser valorizado como base para uma superior realização espiritual e humana, porém cabe checar a idoneidade das fontes para ver o quanto bebem em verdadeiras tradições e sobretudo quando à sua originalidade, quer dizer, a proximidade com os mananciais primeiros da Sabedoria Universal.

Mais uma vez, Maitreya ensina aqui pelo exemplo. A busca da Verdade pode ser considerada um ícone sagrado da Nova Era, uma vez que o conhecimento representa uma aspiração natural na Era de Aquarius. E neste caso o conhecimento necessita ser muito bem fundamentado para conduzir na direção que realmente se necessita. O Kalki Avatar também é apresentado como um apóstolo supremo da Verdade, até porque sua tarefa é aquela de encerrar o Kali Yuga e inaugurar o Satya Yuga ou Idade da verdade.

Tudo isto representa portanto o trabalho de Maitreya em sua etapa como Bodhisatwa, atravessando também tais fases avançadas para alcançar a sua nova condição de Buda, pela qual a promessa de salvação já poderá ser emitida em favor do mundo como um todo e da existência humana na sua plenitude plenitude -e que será tema do nosso próximo estudo.


* Segundo os relatos da famosa obra “Os Mestres e a Senda” de C. W. Leadbeater, os Mestres possuem grandes bibliotecas em suas cavernas ocultas nos Himalaias. Recentemente tem se descoberto com efeito enormes bibliotecas secretas que haviam sido metodicamente ocultadas pelos monges diante da devastação que os chineses fanatizados realizaram no Tibet após a sua revolução comunista. 


Para saber mais

A Lenda do Kalki Avatar

Maitreya e o Xamanismo

Maitreya e a experiência Serpentina

Kalki e Padma - um encontro cósmico

A Missão de Maitreya - a revelação

A Iluminação de Maitreya

Quem é o Maitreya aguardado

Maitreya - tornando-se um Buda

Sobre o Autor

Luís A. W. Salvi (LAWS) é estudioso dos Mistérios Antigos há mais de 50 anos. Especialista nas Filosofias do Tempo e no Esoterismo Prático, desenvolve trabalhos também nas áreas do Perenialismo, da Psicologia Profunda, da Antropologia Esotérica, da Sociologia Holística e outros. Tem publicado já dezenas de obras pelo Editorial Agartha, além de manter o Canal Agartha wTV