A alta sabedoria dos Mestres tem orientado a humanidade através dos eons e criado as mais belas páginas da sua evolução. É o cuidado e a assistência dos Mestres que tem libertado a humanidade de inúmeros cativeiros que a ignorância humana já criou para si mesma.
A longevidade das Altas Ciências tradicionais é de difícil mensuração. Contudo os sinais das primeiras grandes sínteses começaram a ser formuladas de maneira eloquente naquele fértil contexto cultural que Blavatsky chamava de Lêmuro-Atlante, onde se realizaram as preparações para a chegada do atual Manvantara ou ciclo cósmico. Nosso estudo começa pois enunciando brevemente a trajetória que o conhecimento humano tem realizado até alcançar as presentes revelações dos Mistérios, naquilo que poderá ser descrito então como “o eón do conhecimento sagrado”.
Da Lemúria ao Tibet
A tradição oriental assinala este acontecimento através da manifestação da cidade sagrada de Shambhala, sob a direta coordenação do rei do mundo Sanat Kumara.
Os primeiros templos arquitetônicos da humanidade dão testemunho de uma grande ciência natural e também espiritual dada a riqueza e a complexidade do seu simbolismo. Gobekli Tepe demonstra cabalmente que a religiosidade era não fruto da Civilização e sim o seu motor dirigente.
Já então as grandes sínteses das energias divinas puderam ser representadas pelo mais importante símbolo tradicional que é o da Cruz. A excelência da sabedoria tem sido sempre expressa através de súmulas e de sínteses. A síntese pode ser expressa até mesmo num simples símbolo minimalista, tal como a súmula pode ser reunida num texto ou num diagrama complexo mas também sumário. O presente estudo tratará de ambas as coisas, baseada da exímia ciência das mandalas elaboradas nos dois grandes hemisférios do globo.
Milênios passaram-se de tradições templares sob o espírito religioso e astronômico atlante, erigindo a rica cultura dos círculos de pedras e dos templos neolíticos. Até que esmeradas sociedades começariam a detalhar estas energias vindo a codificar as Ciências do Tempo da maneira mais meticulosa.
A chamada Pedra do Sol asteca representa a súmula máxima dos calendários tradicionais e através dela se manifestou a sínteses dos mistérios atlantes. Seus conhecimentos eram secretos e tal Pedra, herdada da sabedoria maia e tolteca, estava velada aos olhos profanas oculta no recôndito do mais sagrado templo asteca que era o Teocali. Muitos conhecimentos nela retratadas foram sendo aos poucos perdidos ou ocultados, como demonstra o destino dos ciclos da chamada conta larga de cinco mil anos da qual apenas se tem claro registro no mundo nahua nos antigos tempos olmecas, mas que os maias puderam preservar um pouco mais. Depois da Conquista a Pedra do Sol foi ocultada e apenas é conhecida hoje por causa das escavações arqueológicas mais ou menos recentes.
Hoje em dia chama-se a esta primorosa escultura meramente de “calendário”, afinal constam nele datações precisas. A realidade porém é que tal monumento, cujo nome tradicional é “A Casa da Águia”, não refere-se apenas a algum definido calendário, antes representando uma matriz cósmica do tempo e das energias da evolução divina, com aplicações no microcosmo individual, no mesocosmo social ou no macrocosmo planetário. De forma ostensiva porém, entende-se que a maior e mais completa expressão deste conhecimento recebe uma conotação astronômica ou astrológica, detalhando em especial as energias do último Grande Ano de Platão.
Deste modo, agora estava cabalmente demonstrado que o conhecimento humano havia alcançado a sua maturidade, ainda que a cultura asteca fosse apenas a última página de uma gloriosa história universal escrita em terras ameríndias.
E tudo isto estava simbolizado precisamente pela língua humana. No pensamento antigo a língua era um símbolo de poder espiritual porque graças a ela a palavra pode ser articulada. A associação da língua com uma faca ou espada reforçava este princípio de autoridade. Além dos atlantes os antigos etruscos também observaram este mesmo simbolismo solar. O mesmo também se encontra reproduzido na imagem do Logos do Apocalipse de São João. Por fim, os tibetanos, com sua curiosa tradição de saudar mostrando a língua, também eram grandes porta-vozes dos conhecimentos tradicionais.
Talvez a única cultura que tenha podido rivalizar com a exímia ciência calendárica dos antigos mexicanos tenha sido a tibetana através de suas elaboradas mandalas. E provavelmente o mais rico exemplar de mandala pertença à Doutrina do Tantra Kalachakra ou da “Roda do Tempo”, que hoje é identificada como origem do misterioso texto chamado por Helena P. Blavatsky como “Estâncias de Dzyan”.
O leigo facilmente se sentirá desconcertado perante a série ininterrupta de símbolos que desfilam diante do leitor nos textos dos Livros de Dzyan, como uma linguagem das mais abstratas e simbólicas, não sendo difícil de imaginar nas suas raízes alguma série de hieróglifos ou ideogramas capazes de originar estas séries de imagens sugeridas como seria o misterioso Senzar de que fala Blavatsky. Na verdade o seu grafismo também existe, porém ele acontece na forma de mandalas.
Com efeito este misterioso texto hermético representa a melhor tradução de um esquema complexo como é a Pedra do Sol. Sua detalhada descrição das três esferas do tempo corresponde aos três ponteiros do Relógio Cósmico, em termos de rondas, raças e eras astrológicas, entre outros detalhes eventualmente tratados. Naturalmente a própria mandala Kalachakra deverá ser capaz de representar o mesmo e ainda muito mais. Porém para se pretender começar a decifrar os seus conteúdos, é preciso reunir conhecimentos de simbolismo, de esoterismo e de astrologia.
Os conteúdos da Obra
As narrativas dos Livros de Dzyan abarcam apenas o presente Grande Ano de Platão, cujos arcos são o Pralaya e o Manvantara. E da mesma forma como a Pedra do Sol trata de cinco eras, as Estâncias de Dzyan também descrevem cinco raças. A possibilidade de extrapolar esta conta (como faz a Doutrina Secreta) é meramente especulativa.
Em nossa obra “Chaves Secretas dos Livros de Dzyan” demonstramos também paralelos entre o texto tântrico com o Popol Vuh maia em suas descrições raciais e cosmológicas.
Embora a matemática de Blavatsky seja especulativa ou simbólica, as suas estimativas comumente são acertadas na prática, mesmo quando confunde antiguismo com antiguidade verdadeira. De fato as narrativas começam com as primeiras raça do Pralaya, e também procede que o grande fulcro das dinâmicas apresentadas remontem à transição do Mavantara.
De que forma temos conseguido decifrar finalmente os ver-dadeiros conteúdos dos Livros de Dzyan?! Através do conhecimento amplo de astrologia e de iniciação, tal como de sociologia e de antropologia, registrado em dezenas de obras dedicadas a cada uma destas matérias. Pois de tudo isto estão formadas as ricas narrativas das Estâncias de Dzyan, com alusões à evolução das raças e ao complexo processo social de transição planetária ocorrida no começo do atual Manvantara.
Os Mistérios do Oriente são por regra bastante velados, o que não deixa de ser uma adaptação de sua própria longevidade, tal como de sua progressiva socialização cautelosa. Por esta razão uma comparação com uma cultura paralela como foi a do México Antigo -caracterizada já por uma vivaz didática intrínseca- reaviva os seus segredos, considerando que tal cultura sofreu uma abrupta ruptura no tempo.
Acaso os Livros de Dzyan apresentam algum interesse especial para o ser humano de hoje? Certamente que sim. Contudo podemos descartar perfeitamente toda a parafernália de mistificações criadas em torno dos Livros de Dzyan -antiguidade exagerada, impressão imperecível, linguagem desconhecida, etc., etc. Nada disto é necessário e apenas aumenta a sua suspeição em ambientes realmente sérios.
Vimos mais acima que a Pedra do Sol representa uma matriz cósmica universal, e o mesmo vale para as Estâncias de Dzyan. Uma questão porém também se destaca naquilo que diz respeito ao momento atual da evolução descrita, que é exatamente na conclusão do todo. Acontece que podemos estimar uma analogia entre as complexas narrativas do final do Pralaya com este final de Manvantara. Além disto o termo “Shambhala” não se refere apenas ao mito e ao passado, mas também à profecia e ao futuro. Na cultura tibetana a questão sempre foi muito pautada nas dinâmicas sociais daquela cultura, porém sabe-se que Shambhala está ligada à vinda do futuro avatar Kalki, cuja chegada é iminente segundo os mais apurados calendários cósmicos e raciais.
As Estâncias de Dzyan representam um tantra ligado ao sistema Kalachakra ou Roda do Tempo envolvendo ensinamentos objetivos sobre a transição planetária. Este tantra está relacionado aos mitos de Shambhala, fazendo parte da mitologia dos reis sagrados do Tibet e das profecias do Kalki Avatar. As interpretações de Blavatsky -quem desconhecia o contexto em questão- porém deixam quase irreconhecíveis estes sagrados conteúdos, sendo necessário tratar de estudar os textos originais, que podem ser as próprias Estâncias de Dzyan trazidas na Doutrina Secreta, pois embora corrompidas em muitas passagens ainda trazem muitas informações preciosas sobre as dinâmicas da evolução racial e planetária. Toda a narrativa das Estâncias respira os elevados propósitos na nobreza espiritual, desde as atitudes das mais altas hierarquias até os cidadãos comprometidos com os propósitos da evolução, enfrentando a sina dos recalcitrantes e dos acomodados que terminam sendo seus cúmplices.
Mito, história ou profecia, os Livros de Dzyan resultam acima de tudo atemporais. Por muito tempo alvo de crendice e de superstição, tanto como de ceticismo e reprovação, hoje é possível lançar um olhar perfeitamente profissional para extrair destes misteriosos conteúdos todo o seu verdadeiro valor.
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